Hoje, a chuva vai caindo, miúda e insistente. Logo que pude, abri o computador. Queria escrever sobre o momento, embora sem nada de especial para dizer. Esta necessidade é em mim recorrente.
Na cozinha, ferve, devagar, a sopa de legumes variados. Oiço apenas o exaustor e os carros a passar na rua, um som de rodas rápidas sobre o piso molhado.
Estou longe da janela da rua, por isso não vejo ninguém a passar e também não deve haver ninguém porque não oiço vozes.
Perto de mim, o soninho dele é silencioso, macio e quente. Olho-o de vez em quando para confirmar que está bem.
O quarto está mais ou menos em ordem. Nunca está completamente em ordem. Nunca consegui que a casa estivesse sempre em ordem e também não devo vir a conseguir. Outras coisas me importam mais.
Há pouco, vendo noticias online, soube que Celso José da Costa, brasileiro, foi o vencedor, este ano, do prémio Leya. Ele desejou que, no próximo domingo, Bolsonaro não ganhasse as eleições, como prova de vitória da educação.
Oxalá.
E dou comigo a pensar na importância efetiva da educação, para que haja mais harmonia e justiça no mundo, e também no hobby feliz e catártico que é a escrita para tantas pessoas e uma profissão, ou ocupação a tempo inteiro, como se queira, para algumas. E o grupo de autores premiados é ainda menor. A alegria que estes sentem pelo reconhecimento do seu talento e trabalho deve ser imensa, para além do dinheiro que recebem, é claro, e que é também uma boa recompensa.
Mas nós, os que escrevem por gostosa necessidade, muitas vezes quase diária, e que nunca receberão um prémio, também sentimos a alegria boa de poder usar as palavras e comunicá-las nos meios que, democraticamente, temos ao nosso dispor, dizendo um olá ou partilhando um sorriso, mesmo silencioso. Estamos cá e não estamos sós.
E os momentos, ainda que banais, tornam-se melhores ainda que simples.
Como neste dia sossegado em que a chuva cai, miúda, insistente e fecunda.
Um relato do dia maravilhoso e calmo. Por cá já trovejou e choveu bastante tocada a vento. Acalmou e já está sol. O tempo está quente! Obrigada pela companhia :))
ResponderEliminar-
Sinto o murmurar dum silêncio desejado
.
Beijo, boa tarde!
Todos os dias, de uma maneira ou de outra, têm momentos que nos agradam. Mas às vezes nem reparamos neles.
EliminarUm beijinho e bom fim de tarde-
Essa escrita que dá prazer e gosto é uma arma contra a solidão. Um aceno talvez. Porque, contraditório como é, o homem faz-se com os outros, mas é sozinho.
ResponderEliminarBea, mais palavras para quê? Subscrevo inteiramente o que diz.
EliminarBom dia
ResponderEliminarQuem tem pelos outros humildade , nunca se sente só .
Um bom dia .
JR
Concordo consigo, mas há muita gente que sente muita solidão, por exemplo velhos que vão esquecendo o que é uma visita carinhosa.
EliminarBom fim de tarde.
Também vi e ouvi a notícia do prémio Leya. A situação no Brasil está muito complicada.
ResponderEliminarPor aqui quase não tem chovido.
Abraço, saúde e bom fim de semana
Nunca fui ao Brasil, mas, a avaliar por tantos testemunhos e tanta coisa boa produzida por tanta gente, é pena que uma campanha eleitoral seja feita por acusações mútuas. Há governantes que estão a deixar o mundo pior.
ResponderEliminarUm beijinho, Elvira,