quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Hoje é 4ª e ainda me lembro bem do sábado passado

  

Fui à feirinha de produtos biológicos que há ao sábado de manhã, não muito longe de minha casa. Tinha sido interrompida duas semanas para dar lugar a tasquinhas, das Festas do Concelho - Senhora do Rosário/ Festa das Nozes (Ah, aconteceu uma coisa que me desagradou, mas depois conto, porque agora prefiro falar do que gostei).

Deixando as verduras em casa, para sopas, saladas e outras misturas boas de sertã,  fui à cidade com mar ao fundo aonde gostava de ir mais vezes, mas o tempo corre, faz-nos correr também e nem sempre vamos aonde gostávamos de ir. A livraria Bertrand, como habitualmente, chamava-me sem me ver. E entrei, é claro.

- Precisa de ajuda?

- Sim, obrigada, queria ver livros da senhora que recebeu o prémio Nobel de Literatura (de repente esqueci-me do nome dela - Annie Hernaux, que também estava na capa da revista do Expresso e cuja entrevista queria ler).

- Oh, lamento, mas já não temos nenhum. Recebemos livros duas vezes e duas vezes esgotaram. Os anos (dizia Ojanos) foi o primeiro a esgotar.

Nova remessa virá, pensei eu. E ainda tenho tantos livros por ler. E fiquei-me pelo último livro para crianças de Mia Couto, com ilustrações maravilhosas de Danuta Wojciechowska - O rio infinito.

A cidade com o mar ao fundo tem ainda peixeiras na rua que apregoam o peixe, disposto em pequenos carros de mão, onde não falta um bocadinho de areia da praia que agrada porque lembra frescura e sempre pesa mais um bocadinho na balança. Também os há com frutas da época ou vindas de fora e que agora se libertam, respirando a brisa fresca da maresia. Uma rapariga muito magra, com andar veloz de alguma loucura, segurava na mão duas laranjas que agradecia à vendedora. Nunca parava, olhava para trás e agradecia repetidamente, enquanto se afastava em passo cada vez mais rápido.

Daí a nada, era hora de almoço e outro ponto me chamava - Grão de soja, um restaurante simpático, económico, bem iluminado de comida vegetariana e saborosa.

À tarde, depois de ler o que me interessava na revista do Expresso, ouvi A Força das coisas, de Luís Caetano, na antena 2, um programa das 16 às 18h. Vale a pena para quem gosta de livros e de ouvir pessoas que também gostam de livros e de outras artes.

 

Deixem-me acreditar que, apesar de todos os problemas no mundo, ainda são legítimos os nossos pequenos/grandes prazeres.


8 comentários:

  1. E que esses pequenos/grandes prazeres nunca acabem.
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    Cumprimentos poéticos.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Maria, até penso ser agora, por entre tanta ameaça, que os pequenos prazeres da vida têm mais cabimento. É uma luta contra a instalação do caos, tentar manter o quotidiano e seus ademanes. Mas, se dias existem em que eles nos convencem, outros há em que é mais difícil manter o aprumo. Será próprio do viver.
    Boa tarde e óptima semana

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    1. Olá, Bea, mas sabe que quando tenho este tipo de prazeres mais libertos de obrigações e de horários, sinto alguma culpabilidade perante tantos sofrimentos que crescem cada vez mais no mundo.
      Tenho de me convencer várias vezes que é um direito e um modo de manter o tal aprumo de que fala. Também cada vez mais necessário, senão o caos é ainda maior.
      Boa quinta-feira, Bea
      Um abracinho

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  3. Concordo plenamente consigo! É do melhor que levamos...
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    Fecha-se o tempo, sente-se o vento
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    Beijos, boa tarde

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    1. ... desta vida. Também é, na verdade, embora haja outras coisas boas e importantes que nos preenchem o tempo e a vida.
      Um beijinho

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  4. Bom dia
    Um dia agradável e pelos vistos bem aproveitado.

    JR

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    1. Para mim, foi, felizmente. Apesar de eu gostar de rotinas, sabe bem poder definir o seu próprio programa, nem que seja por um dia!

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