Quando olho para o mar, em dias de outono, vem-me à lembrança este poema de David Mourão Ferreira e cantado por Simone de Oliveira, Celeste Rodrigues, Aldina Duarte e por outras vozes talvez. Foi o que me aconteceu hoje em Mindelo, Vila do Conde. No momento, apenas um casal na praia. Que não se limitou, tal como eu, a olhar o mar a partir do passeio.
'Praia de outono
Praia de outono desfigurada
Pela mordaça das marés vivas
Praia de outono transfigurada
Pela ameaça de alguém partir
Já começou a declinar
Tenho medo!
Nem eu sei de quê
A noite vem tão cedo
Praia de outono ninguém nos vê
Em ti a bruma
Em mim ciúme
Vão-nos velando
A nós como as marés
Não se vislumbra
Esperança nenhuma
De alguém saber
Quem sou nem quem tu és'
David Mourão Ferreira (Lisboa 1927/Lisboa 1996)
Até poderá parecer que sou eu a querer agradar, mas não, não sou dessas.:) Para mim, achei as fotografias muito mais belas e encantatórias do que o poema de David Mourão-Ferreira.
ResponderEliminarA segunda então, tem algo de sobrenatural. Maravilhoso o céu, abrindo um clarão de luz que banha de prata o mar. Lindíssimas.
O poema declamado do vídeo, ouvi-lo-ei mais tarde.
Agora tenho uma incumbêmcia...ir comer qualquer coisa e ver o "Joker".:)
Um abraço.
Tão querida, Janita. Eu sei que é sincera e por isso os seus comentários são sempre bem-vindos.
EliminarA descrição que faz da segunda é maravilhosa. Obrigada. Às vezes o telemóvel, ainda que já velhote, vai-me dando uns miminhos que gosto de partilhar.
Um dia com bons mimos, Janita.
Também às vezes vejo o joker. O V.P. tem uma energia incrível e há concorrentes muito interessantes.
Um abracinho (vamos lá ver se hoje as regras não se alteram outra vez!!).
Gostei bastante. Não conhecia o poema. Porém, as imagens são muito belas também!
ResponderEliminar-
Existem silêncios que atropelam ...
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Beijo e uma excelente noite :)
Obrigada, Cidália.
ResponderEliminarUm belo dia também. Um beijinho
A dúvida também faz parte do amor.
ResponderEliminarOnde não há dúvida é na beleza outonal das suas fotos Maria Dolores e que vão muito além da câmera.
Obrigada, Joaquim. É muito generoso.
ResponderEliminarUm belo dia para si.
A foto do cabeçalho não é minha. Foi-me enviada, de Londres, pela minha filhota.
ResponderEliminarBom dia
ResponderEliminarFotos muito bonitas.
Como apreciador de fado , confesso que não conhecia este.
uma voz também muito sensual.
JR
Obrigada, Joaquim. A Aldina Duarte, que julgo ser muito apreciadora de poesia, tem vários fados cuja letra foi escrita pela Maria do Rosário Pedreira.
ResponderEliminarUma tarde boa de outono.
Maria, a paisagem que se vê desta janela e nos dá boas vindas está um must (como diria certa personagem de uma novela agora já antiga). Lembra-me Serralves. Talvez pela altura das árvores. Ou por ter fixação em certa rua arborizada.
ResponderEliminarApesar do fado não ser canção a meu gosto, reconheço, Aldina Duarte canta-o com sentimento. Mas o poema nuzinho, só de palavras feito, entra-me em todas as portas. Ainda que jamais tenha visto a praia transfigurada, em roupas de Outono ou inverno. Imagino-a solitária, sim. Como as pessoas. Vive-se uma vida inteira e talvez ninguém nos saiba. Talvez nós mesmos não nos saibamos inteiramente. Mas também não me parece que tenhamos nascido com o propósito de nos autoconhecermos, o que talvez se consiga também no espelho que os outros são de nós. A nossa solidão não é como a da praia:). Não mesmo.
Faz-me eco, a poesia de David Mourão Ferreira. Obrigada.
Boa tarde, Maria.
Bom dia, Bea
EliminarSinto tanto o que diz. Obrigada. E peço desculpa porque demorei a responder. Tenho andado de um lado para o outro e o tempo voa. Ou sou eu que não o sei agarrar.
Comecemos pela foto. É de um parque de Londres e foi enviada pela minha filhota. Também gostei muito e logo pensei em partilhá-la.
Quanto à praia solitária, acho que sempre a senti assim - e gosto dela assim - depois do verão, mas a solidão das pessoas só comecei a compreendê-la melhor com o avançar da idade. E a ideia 'Vive-se uma vida inteira sem que ninguém nos saiba', nem nós, tantas vezes, marca também essa solidão, mas também nos permite viver um pouco como as árvores, às vezes mais desamparadas, outras mais acarinhadas, indo estendendo alguns ramos em várias direções.
Sim, e há os outros. Felizmente. Sem eles, os ramos das árvores pareceriam galhos secos pelo frio e invernia.
Um domingo bom, Bea. Mesmo.
O poema é excelente, tem a marca do David Mourão Ferreira.
ResponderEliminarGostei da interpretação do fado, que não conhecia.
Bom fim de semana, amiga Maria Dolores.
Beijo.
Bom dia, Jaime
ResponderEliminarTambém não conhecia. Ouvi-o um dia destes numa rubrica da Antena 1, que é dinamizada por David Ferreira.
Um bom domingo.
Abraço