sábado, 11 de setembro de 2021

Difícil falar

 
Obrigada, IA, por este livro.

deste livro. Para mim, é claro.

O título dos capítulos contém sempre palavras da primeira frase da página. Resolvi fazê-lo também para iniciar este texto, apesar de não gostar de imitações. Talvez por não saber muito bem como começar. Mas vamos a isso, porque palavra puxa palavra...

A história, ou melhor, as histórias passam-se num Oriente, muitas vezes imaginado. Uma espécie de Mil e Uma Noites, em que muita coisa é criada e recriada e nos deixa atentos e fascinados como os olhos das crianças quando gostam do que estão a ler ou a ouvir.

É um romance poético, que gostei de ler com um lápis na mão porque há muitas e muitas frases que apetece sublinhar. Ou porque são sábias, ou porque são belas, ou porque são encantatórias, ou porque são surpreendentes...

Destaco algumas personagens: um menino que viveu com o seu pai biológico e outro menino que foi adotado, um homem mudo e que é um grande poeta, a mulher de um homem que o abandona, um homem que tem uma fábrica de tapetes e que às vezes não sabe como tecer a sua vida, uma mulher que quer casar e que anseia por uns sapatos de salto alto...

E nas quase seis centenas de páginas, intercaladas de imagens a preto e branco, há temas como o amor, a infância, a traição, a morte, o abandono, a alegria, a guerra, o poder, o questionamento, o prazer, a religião e tantos outros que se vão entrelaçando. E só quem tem

um grande fôlego de escrita, de conhecimento, de estudo, de imaginação consegue realizar um livro assim. 

Os nomes das personagens parecem estranhos, embora uns mais do que outros: Bibi, Elahi, Salim, Isa, Badini, Nachiketa Mudaliar, Aminah, Azizi...

E tantas e tantas outras personagens - às vezes pessoas, outras vezes, uma espécie de marionetas - num universo que, próximo ou distante no espaço e no tempo, seduz o leitor, porque caminham entre o real e o imaginário.

Deixo um excerto, de entre tantos que poderia salientar.

Antes disso, deixem-me dizer que o autor - Afonso Cruz - nasceu em 1971, na Figueira da Foz e já recebeu muitos prémios literários. Para além de escrever, é ilustrador, músico, cineasta, produtor de cerveja e, se calhar, muita coisa mais (tantos talentos, meu Deus).

O excerto que escolhi tem a ver com o título do livro: PARA ONDE VÃO OS GUARDA-CHUVAS

 

Boas leituras e, sobretudo, feliz fim de semana. Com ou sem guarda-chuva(s). 

 


 

 

11 comentários:

  1. Há algum tempo que ouvia falar de Afonso Cruz e dos seus livros de forma elogiosa.
    Consultei o Goodreads e este Para Onde Vão os Guarda-chuvas destacou-se com uma alta cotação de 4.45. Comprado o livro, verifico que foge ao cânones literários do romance que habitualmente leio. Coloquei-o então na prateleira, a fazer companhia aos mais de cento e cinquenta livros que adquiri para a reforma, onde de semana a semana ou de quinze em quinze dias, ou de mês a mês, consoante o tamanho e também porque a vida não é só leitura, me dedico à prazerosa tarefa de escolher um, ou seja, o próximo.
    Depois de ler a louvável crónica da Maria Dolores, pode ser que aconteça retirá-lo, pelo menos já passou, no meu jogo mental, à frente de um bom quinhão de livros, e tudo porque me aguçou o apetite.
    Bom fim-de-semana.

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  2. Acredito que seja um livro com uma narrativa muito interessante e encantadora de ler.
    .
    Feliz fim-de-semana
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Sim, tem páginas também muito poéticas que lhe agradariam, Ricardo, como poeta que é.
      Feliz fim de semana

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  3. De Afonso cruz conheço somente as suas crónicas através da Revista DN, publicada aos domingos, quando eu comprava este jornal. Actualmente, não sei. Deixei de comprar jornais.
    Creio ser chegado o momento de conhecer melhor a sua literatura. Este seu apontamento, Mª Dolores, foi o empurrão final. Obrigada.
    Bom domingo, um abraço.

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    1. Está como eu, Janita, também lia muito mais jornais do que leio agora. E isto não se passa só connosco, é claro.
      Pelas entrevistas que já ouvi de Afonso Cruz, também me parece uma pessoa muito interessante e sem peneiras.
      Bom fim de semana, Janita. Abracinho

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  4. Bom dia, Joaquim
    Concordo inteiramente consigo quanto aos cânones literários habituais a que foge o livro. Quando uma amiga mo ofereceu, logo o número de páginas me assustou um bocadinho, assim como os nomes diferentes das personagens, o fio da história que parecia ter cortes, a estranheza de algumas situações, etc. Depois, fui avançando e passei a entender melhor e a gostar do próprio texto.
    Sei que isto não agrada a muitos puristas, mas também se pode ir lendo algumas páginas, nem que sejam dispersas. Às vezes, faço-o, mas, desta vez, não fiz 'batota' e gostei de o seguir até ao fim.
    Bom fim de semana, Joaquim

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  5. Uma colega emprestou-me "Flores" de Afonso Cruz. Gostei. Tem na verdade uma prosa poética e é autor despido de vaidade e que dá boas entrevistas, há um pensamento por detrás das palavras, fenómeno que rareia.

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  6. Bom dia!
    Também li e gostei muito. E os sentidos que as flores assumem no livro! Muito interessante.
    Às vezes, quanto mais talento e trabalho, menos vaidade. Parece ser o caso de Afonso Cruz.
    Um dia bom, Bea.

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  7. Infelizmente nunca li nada dele embora já seja o 4º livro dele que leio ser muito bom. Nunca se proporcionou quando vou comprar livros, ver algum dele em destaque. Por norma eu já vou fisgada num titulo ou num autor e assim que encontro o que procuro não procuro mais nada.
    Abraço, saúde e boa semana

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  8. Também sou assim, Elvira. Habitualmente, quando entro numa livraria, já sei o que procuro, embora goste de dar uma vista de olhos pelos livros expostos.
    Beijinhos e boa semana com alegrias e saúde.

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