Ela não lhe chama ritual. Apenas o dia de domingo.
Ao fim da tarde de sábado, prepara a roupa que quer usar no dia seguinte. Não é que a variedade seja muita, mas como não engorda nem emagrece, a roupa dura-lhe muitos anos. Vai à caixinha das joias e escolhe os adereços a condizer: brincos, anéis, um alfinete, pulseiras e um fio de ouro com uma medalha. Fora o fio, é tudo pechisbeque, mas acha tudo lindo e colorido, assim como a caixinha que comprou numa excursão a Aveiro. Pega nela com muito jeito para não partir, nem cair nada, porque já lhe custa vergar-se.
Depois é só esperar pelo domingo. Antes das nove horas da manhã, já está feliz e esmerada na paragem da camioneta que a leva ao Porto, onde se encontra com as amigas, no mesmo Centro Comercial.
São sempre as mesmas e os vizinhos de mesa também. Um deles namora-a com o olhar e sorri-lhe. Um dia, arranjou coragem para lhe dizer que ela era bonita e que gostava muito do cabelo dela aos caracóis.
Quando ouve elogios, ela sorri com sorriso namorador, porque não os ouviu durante longos anos.
Nem quer pensar no tempo em que o Centro Comercial esteve fechado por causa da pandemia. Um dia, nervosa, quase deixou cair a caixinha das suas joias a limpar o pó. O que vale é que se lembrou do elogio namorador, quando viu os caracóis grisalhos, mas ainda juvenis do seu cabelo. Até são bonitos, pensou, namorando a sua imagem refletida.
Há muito que voltaram as manhãs de domingo passadas no Centro Comercial. Hoje, antes das nove da manhã, já estava ela à espera da camioneta. Acenei-lhe e parecia feliz. Talvez à espera do sorriso namorador no Centro Comercial.
Texto que gostei de ler
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Um domingo feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Obrigada, Ricardo.
EliminarUma noite descansada.
Que maravilhosa publicação de Domingo, amiga Dolores!!
ResponderEliminarAdorei este beloe ternurento texto. Como é que eu nunca me lembrei de escrever isto? Pois...o poder imaginativo é uma espécie de ovo de Colombo...quando vemos/lemos é que nos parece tudo tão fácil e simples de fazer...
Adorei mesmo! Quem não gostaria de se embonecar toda, sabendo que tinha um olhar namorador à sua espera? Até eu não passava mais nenhum domingo feita gata borralheira. Ai, isso não...! 😊
Beijinhos e muitos parabéns.
Sempre querida, amiga Janita. Obrigada. Saiu-me ao ver a senhora na paragem da camioneta.
EliminarEla é muito engraçada e ao domingo capricha mesmo. Nada de gata borralheira. E teve uma vida muito complicada. Talvez por isso não fuja dos olhos namoradores!!!!
Um xi-coração.
Esqueci de fazer referência ao vídeo cujas vozes e canção gosto muito.
ResponderEliminarJá o publiquei algumas vezes. Para este texto, era a canção que se esperava. Sem dúvida, excelente escolha.
+ um abraço.
Também gosto muito desta música.
EliminarQuerida Janita, bom restinho de domingo.
Um beijinho.
Boa tarde
ResponderEliminarBonita crónica. Gostei
JR
Obrigada, Joaquim.
EliminarUma noite bem descansada.
Gostei bastante :))
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Embriagado...pela solidão dos dias.
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Beijo e um excelente fim de semana.
Obrigada, Cidália.
ResponderEliminarUm beijinho e descanse bem.
Gosto deste encontro com sabor a poesia!!! Bj
ResponderEliminarQue bom, Gracinha. Um bocadinho de poesia da vida.
EliminarUm beijinho e boa segunda-feira.
Creio, como a Janita, que a canção vai bem com a História. A voz de Gal Costa rima na perfeição com a de Tim Maia.
ResponderEliminarBoa semana, Maria.
É bom quando na semana há um dia que apetece festejar. Seja ele domingo ou qualquer outro.
ResponderEliminarBoa semana também, Bea. Obrigada.
Morar perto de uma paragem é sempre inspirador. Boa crónica Maria Dolores.
ResponderEliminarNão é que seja muito perto, mas como conheço a senhora e sei como gosta da manhã de domingo, logo que a vi, sorrimos e trocámos acenos.
ResponderEliminarUm dia também com sorrisos, Joaquim.
Que bonito!
ResponderEliminarUma das minhas filhas leu o post e logo identificou a tal senhora. Sorrimos ambas com ternura, porque a história dela é bonita, sem dúvida.
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