Quadragésimo primeiro dia
Nota 1. Há dez dias, e para variar, mudei o nome desta página e agora, passados mais dez dias desta quarentena ou confinamento, mudo-o outra vez. Mesmo variando, a palavra 'variante' não me lembra tanto as estirpes de covid-19, nem as estradas que dantes se podiam percorrer à vontade, mas que agora nem por isso. Como estaremos daqui a dez dias? Haverá mudanças? Haverá novas variantes?
Nota 2. Partilho agora o pequeno texto que escrevi em janeiro, e que foi publicado este mês na coletânea Mimos de fevereiro, com a chancela Mimos e Livros, 2021:
Segundo
Chegaste em fevereiro. Logo no primeiro dia. Logo ao início da tarde. De sol e de luz, apesar de ser fevereiro. Não havia chuva nem vento, nem o céu estava cinzento, como é comum dizer que acontece neste segundo mês do ano.
Nem sempre as verdades feitas se cumprem. Às vezes desdobram-se. Como eu me desdobrei. Como tu te desdobrarias anos mais tarde. Como já me tinha desdobrado dois anos antes noutro ser amado cuja voz eu ouvia, nesse dia, pelos corredores brancos do hospital. Ou era a saia azul que dançava em alegre e despreocupada correria?
Perguntaram-me à chegada: É o primeiro? Não, é o segundo, respondi eu. Sem saber se era menino ou menina, porque o tempo só o anunciava na hora da abertura à nova luz. Dei-te um nome que também a prenuncia(va).
E serias sempre serena e calma, firme e corajosa.
Recordo tudo ao segundo desse mês segundo, desse nascimento segundo, dessa luz segunda que se uniu à primeira, clareando ainda mais os meus caminhos, já iluminados pela bênção anterior.
É ao segundo que o círculo se desenha na memória:
Chegaste em fevereiro. Logo no primeiro dia. Logo ao início da tarde. De sol e luz, apesar de ser fevereiro. Não havia chuva nem vento...
... e abrias nova janela celebrando o claro firmamento.
Nota 3. Que novas janelas se vão abrindo, porque bem precisamos delas. Felizmente, e para variar, hoje está um bonito dia de sol.
Bom Dia:)
ResponderEliminarpor haver sol. E mesmo não havendo. Um bonito texto que, sendo memória ou apenas trabalho de imaginação, tem de ser festejado. Por ser o que é. Esteja onde esteja.
E posto isto, que haja esperança. Mesmo que se não tenha a certeza de qual o seu objecto. Nem que se invente o objecto. A esperança é sempre uma força a mover-nos e o movimento é necessário.
Um abraço e bom dia.
Olá, Bea!
ResponderEliminarObrigada. O texto veio sobretudo da minha memória. As palavras surgem-me mais facilmente quando partem de situações que vivi ou que pressenti que eram vividas por alguém.
O que conto aqui é sobre o nascimento das minhas filhotas, sobretudo da mais nova que nasceu em fevereiro.
Um abraço também, Bea, e continuação de bom sol.
Muito bem. Certamente que melhores dias virão! :)
ResponderEliminar-
Beijo e uma noite feliz!
Vamos acreditar que sim, Cidália, e com a ajuda de todos, isso irá acontecer, ainda que demore algum tempo.
EliminarUm beijinho
Olá Maria,
ResponderEliminarEstava com saudades de visitar os blogues amigos :D Dias corridos e perdidos por aqui.
Parabéns por mais esta publicação ;D
Sabe que é sempre bem-vindo, Calebe. Imagino os seus dias, com certeza mais 'corridos' do que 'perdidos'.
ResponderEliminarUm abraço