segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Diário do meu confinamento

 

Décimo primeiro dia

 

Hoje é  2ª f e ontem foi um domingo de muitas emoções.

Os números avassaladores da pandemia não diminuíram, infelizmente; a abstenção ao ato eleitoral foi mais reduzida do que o esperado, a organização das assembleias de voto foi muito elogiada.

A noite eleitoral foi de muitos números. De quem ganhava, de quem perdia, de quem subia ao segundo e terceiro degrau do podium...

E vimos

um presidente vencedor em todos os concelhos do país, um homem sui generis, que vive só, que comprou o jantar no restaurante, que foi ao volante do seu carro até ao local do seu discurso de vitória. Ouvimo-lo referir muitas solidões, muitas fraturas que é preciso resolver, muita exigência nos esforços para que a pandemia e a desunião não continuem a crescer,

uma mulher de meia idade, defensora de causas que não pode calar, embora se queixe de não ter sido ouvida por quem ela achava necessário,

um homem frenético e inquieto, que arruma as pessoas como em pastas de escritório, que põe perguntas às quais só ele quer dar resposta, que deixou sinais em montes e planícies onde se têm calado muitas solidões,

um homem bonito que não levanta a voz, embora a todos queira dar voz, mas que terá de encontrar outras formas para fazer ouvir a sua voz,

uma mulher jovem e serena que defende causas como a dos cuidadores informais e muitas outras das quais diz não desistir,

um homem jovem e desconhecido que alargou um pouco os resultados do seu partido e que afirma que ninguém pode desistir do que quer fazer, ainda que lhe digam que não é capaz,

um homem que diz conhecer as pedras da calçada, que tornou mais real a sua terra, dizendo que nunca nenhum rei nem nenhum presidente a visitou, mas que este último é cada vez mais desejado.


Ah! Ontem vi uma magnólia já em flor. Será um bom sinal?



 

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