terça-feira, 5 de maio de 2020

Como noutra rua qualquer

Não sei quantas são, mas são bastantes as avós daquela rua. Durante o dia, varrem, arranjam as plantas da varanda, fazem a comida...
Mas não conversam com as vizinhas como conversavam. Não recebem os netos em casa como acontecia antes da pandemia. Não vão tomar o cafezinho à hora certa como dantes faziam. Não vão às compras como iam, sabendo sempre novidades sobre aquilo que viam e sobre as pessoas que encontravam. Não vão ao Centro de Saúde onde podiam contar coisas à médica, enquanto ela fazia o relatório...
Mas o que lhes custa mais é não estarem com os netos. Só os veem a acenar do carro e só de vez em quando.
Há pouco, uma dessas avós disse, da sua varanda para a vizinha que estava na outra varanda próxima, que chora todos os dias com saudades dos netos. 
Ela ouviu-a por uns segundos, mas logo  fechou a porta da varanda e quase sem se despedir.
A vizinha não estava com máscara e parecia que ia dar um espirro.
Ficou na varanda a olhar a rua à espera de ver passar alguém.

4 comentários:

  1. Bom dia:- O MEDO contamina a mente e domina o dia a dia das pessoas mais velhas, nomeadamente com mais de 65/70 anos. E, parece, que têm toda a razão para terem medo. O covid-19, não escolhe quem ataca, e "nasceu" para matar.
    .
    Um dia feliz
    Cuide-se.

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  2. É verdade. Oxalá que, com o tempo, tudo volte à normalidade.
    M.

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  3. É mesmo. Pode ser que, daqui para a frente e com os devidos cuidados, todos possam conviver mais.
    Um beijinho
    M.

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