... o mar ficava mais próximo, havia mais sol nas esplanadas, os jornais traziam notícias mais diversas, as crianças brincavam à vontade com os mesmos objetos, os livros eram lidos e partilhados, os telemóveis utilizados por diferentes mãos, as pessoas abraçavam-se quando se encontravam, os restaurantes estavam abertos e cá fora cheirava a comida quente, as famílias visitavam-se e às vezes até se esqueciam de lavar as mãos, ofereciam-se presentes sem receio do vírus que lhes podia vir agarrado e logo transmitido...
No tempo em que se saía ao domingo, o domingo era diferente dos outros dias e não como outro dia qualquer.
No tempo em que se saía ao domingo, apetecia vestir uma roupa diferente, mas nunca um roupão.
No tempo em que se saía ao domingo, havia cinemas abertos. E centros comerciais de casais tristes ou de jovens ruidosos que ainda não sabiam o que era um domingo sem poder sair nem o que era a vida dos casais tristes à mesa triste de um centro comercial.
No tempo em que se saía ao domingo, havia a marginal de todas as cidades com a maravilha do mar ou do rio cheia de gente a caminhar ou a correr para vencer todas as torrentes diárias.
E como será o tempo em que se vai poder sair de novo ao domingo?
Não sei e julgo que ninguém sabe. Apesar de hoje ser domingo.
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