Este ano pude confirmar que não gosto do mês de agosto. Não, não gosto.
E não quero ser negativa, mas o mês de agosto traz(-me) sempre coisas horríveis.
Como não gosto de generalizar pelo lado mau, vou tentar explicar um pouco melhor.
Desculpa, setembro, por não ir ao fundo da questão, mas às vezes prefiro sentar-me à beira de um regato sem o atravessar para não escorregar nas pedras.
Sou medrosa? Serei, com certeza, mas cada um procura as suas defesas.
De facto, agosto ficou ontem parado no calendário, mas alguns dias ficarão marcados na minha memória.
Foi um mês de contrastes:
Ouvi o silêncio e tapei os ouvidos pelo excesso de ruído.
Senti o mar, aproximei-me da montanha e o pensamento fragmentava-se.
Fiz desenhos coloridos e pouco depois os dias ficaram negros.
Contei histórias e senti a ausência de palavras de quem precisava de as dizer mas já não podia.
Tive a alegria de ver a casa cheia de brincados sorrisos infantis e quase logo a despedida de quem tinha gerado a família.
Caminhei ao sol luminoso na praia e senti o frio branco de uma cadeira de hospital.
Dancei, vi dançar e partilhei de lágrimas em saudosa e não anunciada despedida.
Viajei vendo paisagens verdes ou ressequidas e deparei com coroas de flores também cortadas à continuação da vida.
...
Desculpa, mês de agosto, pelo meu desamor. E, se calhar, ingratidão ou egoísmo, porque estou a esquecer que para muitas muitas pessoas o verão só teve o segundo lado da moeda.
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