Vou falar de uma menina,
Mas antes quero dizer
Que se chama Clarinha
E, sem dois aninhos ter,
Na sua terna candura
Parece gostar de ler;
Tal como o pai e a mãe
Apreciam a leitura!
Desculpem que me enganei,
E a verdade aqui vai:
A Clarinha gosta de livros,
Mas quem os lê é o pai.
E desde muito bebé,
Um pequeno bebezinho,
Gosta de ouvir histórias
No bom paternal colinho.
O pai é muito expressivo,
Imitando os animais,
E a Clarinha ri, ri, ri,
Pedindo-lhe sempre mais.
Mas um dia aconteceu
Uma coisa de espantar:
Do desenho saiu um trator
Para um campo lavrar.
A Clarinha assustou-se
E começou a chorar.
Para que ela se acalmasse,
O pai pôs-se a cantar
E a fazer atchim, atchim,
Tal como na bela história,
Que veio da Califórnia,
E que fala de um espirro
Que tudo atira ao chão,
Mas não pensem que é por mal
Porque o autor dos espirros
Está é muito constipado;
Não lhe falta educação.
(...)
E, para além dos livros,
O papá está presente,
Pensando na Clarinha,
Mesmo quando está ausente.
De manhã, leva-a à escolinha
E também buscá-la vai,
Vindo ela a palrar
Quando do infantário sai.
E o pai parece sonhar
Quando a linda Clarinha,
Com a sua voz meiguinha,
Lhe diz a palavra pai.
E ao jantar a comidinha
Nem sempre é prioridade
Porque é mesmo de brincar
Que a pequena Clarinha
Sente mais necessidade.
E o pai lá conta histórias,
Com a ajuda da mãe,
Para convencê-la também
A comer o peixinho,
A carne ou o arrozinho,
A fruta ou o pãozinho,
Podendo depois brincar
Com o panda ou o cãozinho,
Ou então com a boneca
A que só falta falar.
(...)
E de noite a Clarinha,
- Talvez esteja a sonhar -
Se acorda de repente,
Logo começa a chorar.
Então, o pai levanta-se,
Outras vezes é a mãe,
Dizendo à Clarinha:
- O dia está a dormir,
Vamos dormir também!
E o pai da Clarinha,
Quando olha os olhos dela,
No futuro pensando vai
E, ouvindo a palavra pai,
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