Quando
vi este filme, pus este post. Partilho-o de novo porque o filme
recebeu, esta noite e em Los Angeles, os óscares de realização,
fotografia e filme estrangeiro. Para mim, apenas pessoa que gosta de
cinema, bem merecidos.
Começo
pelo fim. Não pelo fim do filme, mas pelo final na sala do cinema
Trindade, no Porto, onde o filme também está em exibição. Toda a gente
continuou sentada, durante os minutos em que passou o genérico, embora
os carateres fossem esbranquiçados e de difícil leitura.
De facto, o filme, a preto e branco, entra no coração e na razão das pessoas.
Uma família mexicana de quatro filhos, uma mãe/sogra, duas empregadas e um cão. Vivem numa zona privilegiada, de nome Roma.
A
protagonista (para mim) é uma das empregadas, Cleo, uma rapariga pobre
mexicana, interpretada na perfeição por Yalitza Aparicio. Ela vive
silêncios, sofrimentos, perdas tremendas, levantando-se sempre quando
toca o despertador.
Apaixona-se por um rapaz que a abandona. Também os donos da casa se separam.
Num
contexto de forte agitação social dos anos 70 no México, surgem
fenómenos naturais adversos, desilusões, lutas, sentimentos fortes...
Tudo sem rodeios, sem fingimentos, sem cinismos, sem mentiras. Há cenas em que a vida é tratada a cru.
Gostei
muito do modo como agem as crianças, os quatro filhos do casal. Correm
para as ondas do mar, zangam-se com os irmãos por tudo e por nada,
sentem a natural tristeza pela falta de amor do pai, etc.
E são todas diferentes. E todas gostam de Cleo, que sempre ajuda e acarinha.
Parece
que o realizador e argumentista, Alfonso Guarón, quis homenagear as
mulheres que contribuíram para o seu crescimento e educação, para além
da mãe e da avó que, no filme, estão sempre presentes.
Uma das crianças tem uma forte imaginação. Não sei se, através daquele menino, ele desenhou alguns dos seus próprios traços.
O que sei é que este filme prende ao longo de mais de duas horas.
O que sei é que este filme prende ao longo de mais de duas horas.
Perdurando nos olhos e no pensamento.
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