A casa de Alice
Tinha-me ficado na lembrança a sugestão
do Félix, naquele já distante fim de semana em Londres, inspirada no nome do
Pub Alice House e de que ele falava numa carta. 
O tempo foi passando e agora, de
repente, surgiram-me estes versos, talvez atabalhoados e estapafúrdios:
A casa de Alice
Na casa de Alice
Mesmo sem qualquer tontice
A filha era Alice 
Tal como a mãe
E como a avó 
Que o mesmo nome tinha
 E a
coincidência fazia dó
Um belo dia 
Uma gata lhes deram
E sem qualquer fantasia
Era 
também Alice 
O nome da gatinha
Bem bonita e meiguinha
Para facilitar
Puseram-se a adaptar
A filha passava a ser Li
A mãe ficou Lili 
E a avó Dona Licinha
Só a gata ficou Alice
O que não era tolice
Porque o nome era bonito
Para pessoa ou bichito
Mas se de repente alguém 
Chamava por Alice
Não se sabia quem era
Ter outro nome  quem dera
Era o que todas diziam
E por acaso não mentiam
Tal era a agitação
Vindo nova decisão
A mais nova seria Licinha
A mãe 
apenas Alice 
E a avó Dona Alice
Para impedir a dúvida 
E muito menos chatice
Mas então a gata
Que epíteto teria ela 
Poderia ser Micaela
Mas não quiseram o nome mudar
Gata Lili passou-se a chamar
E sem miar ou rosnar
A gata ouviu e pôs-se a dormir
Cansada de tanta mudança
Para melhor compreensão
Sobretudo da vizinhança
Que mantinha a confusão
E chamadas por sílabas 
Diminutivo ou palavra toda
Vivem felizes este outono
Sem qualquer fanfarrice
E ninguém sente abandono
Nem o nome nem seu  dono
Por isso bela é a casa de Alice
Quando os terminei, enviei-os ao Tó e ao
Félix. Eu sabia que o meu filho não iria responder logo, porque anda sempre
muito atarefado. E traz trabalho para casa. E há o David para cuidar. 
Já o Félix enviou logo a resposta,
dizendo que tinha achado piada, que era difícil ilustrar, mas que, mesmo assim,
iria tentar com a ajuda da Maria Isabel.
Está tão ligado à neta que, julgo,
continuará longo tempo em Moçambique. De facto, é um descanso para a Elsa saber
que a filha está sempre acompanhada, tendo quem a leve e vá buscar à escola na
hora certa e em segurança.
Hoje, ao fim da tarde, os meus pais e eu
pusemo-nos à janela para ver a superlua. 
Registei a imagem num pequeno haikai:
Lua/ Luz redonda/ Eclipsando o céu
Nota - A casa de Alice existe em West Hampstead, perto do centro de Londres.
 Acho o nome tão curioso que decidi incluí-la em A Velha Casa e Outros Dias.
Na esplanada, mesmo em dias cinzentos e frios, há sempre pessoas 
a conversar, com uma bebida sobre a mesa. 

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