Através de uma amiga, chegou-me este poema.
Logo perguntei: posso publicá-lo no meu blogue?
Ela disse que sim. Obrigada.
Parabéns, Ana, continua a escrever, a desenhar, a pintar...
e a celebrar todas as felizes "Nascentes".
Um beijinho
Dentro de mim o Tempo
Vulto abstracto, no absurdo do puro acaso, numa alegoria de
aventureiro, carrega em si composições de luz e sombra, encerra as vozes do
começo e do fim.
Como num contratempo, corado, debruça-se sobre o desalinho e
discreto funde memórias, garantias da alma gravadas num horizonte de idealista.
Ilustra e ilumina com imperturbável serenidade o inabitado
sentimento do instante e interpreta a interminável longa-metragem em que a
lucidez o mergulhou.
Metáfora de um mestre-de-cerimónias que meticulosamente e num
só movimento, mudo de mudança, com naturalidade e nervosismo nomeia a nuvem que
passa como obra-prima da opressão.
Paralisado, abre os parênteses do particular e parte.
Parto, passagem para o outro lado… pássaro passional no
pedestal de pedinte pelado e pedreiro. Peixe-vermelho, peregrino.
Personagem que pertence e perturba, planeta plural, polpa de
porco-espinho porventura Português.
Pouco povo no prato. Precioso predador da presa que prevalece
na previsível Primavera. No princípio, como principiante, priva-se de pressões.
Procissões ou projecções de prolíferos progressos.
Os pronomes - propósitos de prosperidade – purificam a
verdade. Quarentena de quebra-mar e solidão, queda quente no quotidiano.
Rapsódia rápida, rasga o real, receosa da recepção. Reciclável
e recomendado reencontro, refinado reflexo do refugiado, que no seu reinado,
reivindica o relâmpago e a relíquia.
Num repertório resfriado e repetido, retalha o reumatismo
revoltado e roda…
Roda, romântico e rosé, saber e sabão. Sofre secreto e segredo
de sentido – sentidos de sequência.
Silhueta simpática e singular, desenvolve sintomas sinónimos
de dor.
Na soleira a solução, soltar o solúvel, a soma do sonhador que
na sua soneca sopra suavidades do subconsciente.
Supérfluos superlativos de supermercado surgem em súplicas
suspeitas de teimosia. Temporadas de tendas que no tempo tenso tenta. Teoria ou
terapia de termas que no seu termo terno, abraçam o terreno típico e a tiracolo
tocam no absoluto. Tradição ou tragédia, no trampolim, transtornos trocados,
trombones e trompetes de trovoada, túnica de ultramar.
Numa ultrapassagem, a unidade, universalidade útil da vaidade.
Num vaivém, valente, na vanguarda da vela e do verbo.
Verdadeiro verde, verosímil… verso com cem mil versões,
vértebra do vira-lata, vistoso vocalista da vontade e do voo.
Vulto vulnerável e vulgar, a zumbir, lembra – dentro do
possível – e num desfecho desesperado, as suas memórias descuidadas e a
descolar.
Completo o quadro complexo, chora e exalta - como cigarra – a
origem da sua ousadia. Atlântico como o Oceano, celebra a sua nascente.
Mil beijos
para a minha mãe… Ana Loureiro
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