Para Londres levei vários livros. De contos. Arrependi-me até de não ter levado mais, mas pesavam as prendas para o bebé, a minha roupa, o queijo Limiano, a marmelada feita por mim, a compota com as maçãs pequenas e vermelhinhas do quintal, os lombinhos de bacalhau...
Um doa livros que levei foi A mulher que prendeu a chuva de Teolinda Gersão.
Apesar de ter assinalado vários contos (faço-o quase sempre a pensar em possíveis escolhas ou sugestões para os alunos do Secundário), destaco "Um casaco de raposa vermelha". Trata-se do desejo incontrolável de uma funcionária bancária em adquirir o casaco, conseguindo o dinheiro depois de muitas poupanças e redução de muitas despesas.
O final do conto já não conto, porque é, como eu gosto, inesperado e eficaz, se é justo falar de eficácia de um casaco de raposa.
Este conto foi lido, por exemplo, em 2005, no espetáculo "Celebrating the short story", em Nova Yorque e publicado em 2007, também em Nova Yorque, na antologia "New Sudden fiction".
Para mim, é uma obra que prende os leitores. Libertando-os.
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