Retrato de Mulher Triste
Menez |
Vestiu-se para um baile que não há.
Sentou-se com suas últimas jóias.
E olha para o lado, imóvel.
Está vendo os salões que se acabaram,
embala-se em valsas que não dançou,
levemente sorri para um homem.
O homem que não existiu.
Se alguém lhe disser que sonha,
levantará com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude.
Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas,
Sentou-se com suas últimas jóias.
E olha para o lado, imóvel.
Está vendo os salões que se acabaram,
embala-se em valsas que não dançou,
levemente sorri para um homem.
O homem que não existiu.
Se alguém lhe disser que sonha,
levantará com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude.
Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas,
esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas.
Cecília Meireles, in Poema
Cecília Meireles, in Poema
Calçada de Carriche
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheir
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Di Cavalcanti |
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheir
Graça Morais |
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
(...)
António Gedeão, in Poesias Completas
Lembro-me de um poema do Jorge de Sena que infelizmente ainda se adequa ao dia. Sabe qual é? Li-o na aula uma vez. Uma pista: contêm algumas palavras menos próprias para o quotidiano.
ResponderEliminarSe o reencontrares, João Pedro, manda-mo. O Jorge de Sena não era nada "politicamente correto". Também se o fosse, não teria deixado, por certo, a obra que deixou, embora bastante mal conhecida. Por mim falo, infelizmente.
ResponderEliminarUm beijinho
DG
Tive uma grande Professora de português no 10º e no 11º ano que nos leu/declamou o segundo poema de uma forma incrível e ficou-me na memória.
ResponderEliminarQue bom, Gabi.
ResponderEliminarProcurei um vídeo na net para ilustrar o poema e não gostei das declamações que ouvi.
Um beijinho
M.