terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Depus a máscara

Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha. 


Álvaro de Campos (
Heterónimo de Fernando Pessoa) in Poemas,



 Máscaras de Lazarim

Sem comentários:

Enviar um comentário