Hoje, logo que abriram, aqueles onde entrei estavam mais
bonitos. Mais frescos e viçosos. Sem espaços secamente esquecidos.
Cada retângulo tinha recebido, com mãos atentas e
carinhosas, água, flores, trazendo vida a um local de morte.
Os crisântemos – de fechadas ou abertas cores – eram a
flor-rainha. E também as rosas. E os gladíolos. E as margaridas.
Vistos de cima, aqueles espaços pareceriam um campo de
claras flores. A mesma imagem teria uma criança pequena, esperando-se, contudo,
que o seu olhar atingisse sobretudo a beleza cuidada dos enfeites.
E chegavam homens e mulheres com bem abertos arranjos
florais.
Como ainda era cedo e não havia muita gente, as conversas
não se enovelavam. E um grupo de mulheres falava alto do alto preço das flores.
- Então, as tuas não foram caras.
- Comprei-as na lavradeira (há tanto tempo não ouvia esta
palavra!)
E outras pessoas chegavam com pequenos raminhos,
garantindo os laços (mas não gosto nada de ramos com grandes laços!) amorosos
da memória.
A essa hora, já não havia nevoeiro.
À porta de um dos cemitérios, uma carrinha vendia
castanhas. Para se comerem quentes e boas. E delas também ficarão as
cinzas.
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