A
mão-cheia de anos
O menino chegou, pela mão, com a mãe. Os dois vinham
risonhos. Pelo caminho, teriam falado da festinha de anos já preparada em casa.
A mãe vinha arranjar o cabelo para ficar mais
bonita.
O menino, pelo caminho, se alguém conhecido parava
para falar com eles, logo dizia: “Eu hoje faço anos”.
E como o menino sorria ao falar do seu aniversário,
os adultos também. Ou vice-versa, não sei.
Quando chegaram ao cabeleireiro, logo o menino ouviu
a pergunta, depois de ter imediatamente dito que fazia anos:
- Parabéns. Quantos anos fazes?
O menino, levantando uma das mãos, disse:
- Cinco.
E logo acrescentou:
- Quando tiver outra mão-cheia, faço dez!
Vida
ou morte
Duas amigas encontraram-se. Nenhuma delas era nova,
mas uma era bem mais nova do que a outra. Há muito que não se encontravam.
Haviam ficado amigas na Faculdade. Ambas gostavam de livros.
A amiga mais velha, de saúde bastante debilitada, seguia
o caminho apoiada pela mais nova. Esta perguntou-lhe a uma determinada altura:
- Mas continuas a escrever?
E logo a amiga mais velha respondeu:
- Claro, se eu não lesse nem escrevesse, já tinha
morrido.
Entusiasmo? Sim, conheço!
Num almoço, duas professoras, perto da idade da
reforma, iam conversando sobre a vida na escola.
- Pois, eu podia pedir a reforma, mas o tombo da
penalização é muito grande – disse a mais nova.
- Essa hipótese é-me completamente vedada. Terei de
trabalhar até aos sessenta e seis anos, porque, aos cinquenta e cinco, faltavam-me
dois meses para completar trinta anos de serviço.
- Por apenas dois meses?
- Sim, é o que manda a legislação.
- Apesar de tudo, ainda bem que continuo a ter
ideias e a concretizá-las com entusiasmo com os meus alunos – continuou a mais
nova.
- Que bom ouvir isso. É que, felizmente, ainda sinto
o mesmo, apesar de ser mais velha do que tu.
E falaram da alegria que sentem com os textos que os
alunos escrevem para o jornal da escola, para o concurso de contos…
Concluíram, porém, que o mesmo não se passará com os
professores que têm turmas difíceis – pelo comportamento dos alunos e dos pais –
ou que, no mesmo dia ou na mesma semana, são colocados numa escola e logo
retirados por uma cratinice ou casanovice
sem aparente nem clara solução.
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