- da
espera do Compasso em domingo de Páscoa
Com o
soar pressentido da campainha que anunciava a chegada do grupo de homens que
repetia a palavra Aleluia. E que todos repetiam também. A devoção rimava
sobretudo com tradição.
- das
flores no chão, junto da porta de entrada, para que a casa não fosse esquecida.
E eram
goivos e páscoas e margaridas porque o tempo era de ressurreição também das
flores. Depois ficava o cheiro pisado que o vento noturno secaria.
- da
impaciência refilada dos rapazes que queriam sair porque tinham as namoradas à
espera e a Visita Pascal demorava.
E
ficavam, ficavam à porta e juntavam-se com os vizinhos que também esperavam à
sua porta, falando todos uns com os outros porque era Páscoa e cumpria-se a
tradição: receber o compasso em casa. Ou beijar a Cruz, como também se dizia.
- das
crianças que corriam à volta do compasso e recebiam amêndoas.
Era o
tempo em que as crianças brincavam na rua. E corriam o arco. E jogavam às
caçadinhas. Ou ao pião. E chutavam uma bola de pano. E as meninas jogavam à
patela. E fugiam com medo dos rapazes que se escondiam entre o milho e atiravam
pedras para as assustar.
- das
orações que o Padre repetia na sala melhor (com as cortinas e os tapetes
lavados) com a família reunida em semi-círculo.
E se
estava calor, o Padre e os outros homens transpiravam e davam os pés de Cristo
a beijar na Cruz, e o afago passava pelo respirar quente de todas as bocas.
- do
cheiro a assado no forno e das idas da mãe à cozinha para vigiar a assadeira
para que nada se queimasse, enquanto o pai ia calculando o tempo que faltava
para o compasso chegar.
E eram
certas as casas onde o Compasso parava para almoçar. Quase sempre de grandes
mesas e de fortes alegrias sacramentais.
- das
melhores colchas à janela para receber Cristo ressuscitado.
Muitas
de renda branca, outras de tecido adamascado, outras fininhas mas lavadas e
alisadas para o efeito.
- das
brincadeiras, dos sorrisos, dos medos, dos sonhos…
- do
feliz esquecimento de que nada seria para sempre. E de que nem todos estariam
presentes em futuros domingos de Páscoa.
Parabéns e obrigada pela partilha destas tuas lembranças, que, (com algumas cambiantes), ainda são comuns a muitos de nós! São elas que nos vão alimentando a alma e, os "esquecimentos de que nada será para sempre", também. Uma Santa Páscoa. Bjs. A.V.
ResponderEliminarObrigada, amiga.
ResponderEliminarUm feliz tempo de Páscoa também.
Um beijinho
M.
também me lembrei de ti. visita o meu blogue :http://carlaandlouise.blogspot.pt/
ResponderEliminarbeijinhos e bom início de semana !
Também me lembrei de ti, dá um salto ao meu blog
ResponderEliminarhttp://carlaandlouise.blogspot.pt/
beijinhos e bom início de semana.
Quero ir visitar-te, é claro.
ResponderEliminarBeijinhos
M.
Se a Mariana fosse um livro seria um livro que embala___em que o virar da página transmite a sensação de um afago humano. humano porque é real, contido, educado. humano porque sabe que pequenas coisas existem. no entanto deixa a dúvida no leitor____se um dia não vai explodir nas suas próprias mãos quando confiantes se deixam embalar.
ResponderEliminarno meio da "postada" do meu blog era esta a desculpa para a visita. beijinhos
Ainda não fui lá. Estou aqui às voltas com as aulas de amanhã!
ResponderEliminarAgora em tom de graça e de provocação: o meu blog faz sono? Eh eh eh!
Um xi-coração
M.
sono ! nada disso é relaxante ! beijinhos. gosto da música aí em cima !
ResponderEliminarBeijinhos e ótimo feriado de 25 de Abril!
ResponderEliminarM.