Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
Espero que tenhas tido um bom Natal, sem o dezembro austero de David Mourão-Ferreira, mas com a festividade do ciclo da vida de Pedro Tamen:
ResponderEliminarhttps://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-frc3/1511301_733556939990031_100810616_n.jpg
Beijinho
Obrigada, Vítor e para ti também.
ResponderEliminarRealmente, dezembro, leia-se Natal, é um pouco de tudo que sugeres.
E como estou a viver a situação de doença grave de familiar muito próxima, agudizada nos últimos dias, mais sinto o misto de luz e sombra, que parece acentuar-se nesta quadra.
Beijinho e bons dias de algum descanso.
M.