Conheci-a há alguns anos em trabalho de voluntariado de EMAÚS. Ela trabalhava
num lar. A doença grave obrigou-a a ficar em casa. Nunca desistiu
de lutar nem de viver. Os dinheiros passaram a ser muito poucos. O marido também ficou
desempregado e teve de emigrar. A filha estudava música e a faculdade era numa
outra cidade. O dinheiro tinha de ser muitas vezes contado e nem uma pequena moeda podia ser desperdiçada.
Arranjou um pequeno terreno para cultivar legumes e hortaliças, conforme as forças. Assim, não
tinha de pagar o que punha na sopa. E era uma boa terapia. Era sempre positiva e de sorriso carinhoso e convicto. Com
produtos da terra também fazia compotas que vendia aos vizinhos, conhecidos e amigos. Era uma maneira
de estar com eles e ganhar também algum dinheiro. Dizia, no entanto, que o
mais importante era a amizade, o dinheiro vinha muito depois. habituara-se a
gastar cada vez menos.
Aproveitava
tudo e de tudo fazia bonitos trabalhos: de velhas camisolas fazia tapetes, de restinhos
de tecido nasciam pequenos círculos para decorar toalhas…
Tudo junto ia dando
para sustentar a casa e pagar o curso da filha. Dizia que tinha prazer nos trabalhos que fazia e por achar que também ia dar prazer às pessoas.
Ontem, estive
com ela. Trouxe, como havia sido combinado, uma toalha feita de bocadinhos de tecido, harmoniosamente
combinado.
E, como sempre, era um trabalho feito com amor.
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