Faço parte do
enorme grupo de professores que aderiu à greve `das avaliações.
Tenho alunos
que vão fazer exame de 12º ano e tenho tentado ajudá-los, mesmo depois das
aulas terem terminado. Muitos colegas fazem-no igualmente. Também como muitos
professores, tenho procurado tranquilizar os alunos, dizendo-lhes que devem
estudar, que na próxima segunda-feira devem procurar estar calmos, concentrar-se
e fazer o melhor possível. E que, independentemente do que possa ou não
acontecer, é minha convicção que não
serão prejudicados.
Como se sabe,
ontem, a Direção das escolas recebeu ordem para convocar todos os professores,
de modo a ser assegurada a vigilância de exames do próximo dia 17. Os
sindicatos logo reagiram, lembrando que não há serviços mínimos obrigatórios e
apelando à não comparência na escola na próxima segunda-feira.
Sempre que
estou com os alunos, vou tentando informá-los sobre a situação e esclarecê-los,
a partir das notícias que nos vão chegando, sobre algumas dúvidas que surgem:
podemos fazer exame sem saber a nota ao certo da frequência; e se não houver
professores para a vigilância, o que nos acontece?; será um professor de um
outro nível de ensino que vai vigiar a nossa sala?; pode haver alunos que fazem
exame e outros não na mesma escola?; não irá haver muita confusão nesse dia?...
Ora, se é
apregoada, pelos diferentes governantes, a desejada qualidade de ensino e a
necessária atenção às crianças e jovens, por que razão as turmas vão aumentar no
próximo ano, assim como a carga horária do professor? A principal razão parece
ser a redução de gastos porque o número de professores irá diminuir. Para não
falar da mobilidade que empurrará muita gente para o despedimento, apesar da
palavra mansa.
É nítido que
Governo e Sindicatos não querem (ou não podem?) ceder.
Enquanto se vai
esperando por uma decisão, muitos sentem-se bastante sós. Sobretudo
professores e alunos. A solidão do poder é menos fria.
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