domingo, 21 de abril de 2013

O grito da mãe e a gaivota comilona



Para a Inês

Era uma manhã de sábado. Inês foi com a mãe e o pai ao jardim do Palácio de Cristal. A mãe de Inês ia encontrar-se com uma amiga que também viria com a mãe.
No Palácio de Cristal, havia umas barraquinhas com petiscos muito bons, caldo verde, docinhos variados e deliciosos. Tudo tinha sido feito pelas pessoas que estavam a vender com muita simpatia.
Pois bem, as pessoas compravam o que queriam comer e pousavam os pratinhos em cima de uma mesa muito comprida com uma toalha aos quadradinhos. O dia estava tão bonito que as pessoas iam chegando sempre e já não havia mesas livres.
Foi então que os pais da Inês e as amigas foram pondo os pratinhos em cima de um banco do grande jardim do Palácio. Enquanto uns escolhiam e pagavam os alimentos, os outros iam guardando o almoço que estava nos pratinhos.
Como cheirava muito bem, junto das pessoas havia gaivotas e uns patinhos também passaram, mas iam muito apressados para irem tomar banho nos lagos. Aconchegadinho a um ramo de uma árvore, estava um pavão com uma cauda muito comprida e bem esticadinha. Um bocadinho mais longe, havia outro pavão muito vaidoso. Abria as penas em leque para todos verem como era jeitoso e colorido.
As gaivotas eram muito bonitas mas um bocadinho indiscretas, porque aproximavam-se das pessoas e eram preciso dizer xô xô várias vezes  para que se afastassem. Parecia mesmo que o bico se aproximava dos alimentos para os levar num abrir e fechar de olhos.
E uma gaivota mais teimosa não se deixava convencer pelo xô xô e ia ficando sempre, andando de um lado para o outro, conforme lhe cheirasse melhor. Essa gaivota, que era muito comilona, e que podia ter o nome de gaivota-do bico-comprido, tinha deixado uma gaivotinha do outro lado do rio porque ainda mal sabia voar e a mãe tinha medo que ela se afogasse.
A gaivota começou a olhar a comida que estava sobre o banco, mas não lhe podia chegar porque ouvia sempre xô xô e uma mão a fazer o movimento de quem a mandava afastar.
De repente, o pai de Inês viu que havia um bocadinho da mesa livre e assim todos se podiam sentar, tendo onde pôr o prato sem segurar tudo na mão. Foram, então, buscar tudo ao banco do jardim onde tinham posto os pratinhos.
Todos transportaram os alimentos para a mesa. Quando a mãe da Inês vinha com os pratinhos nas duas mãos, a gaivota levantou as asas, aproximou-se do prato e zás que se faz tarde, deu uma bicada num rissol, prendeu-o bem e levantou alto voo a alta velocidade.
A mãe de Inês deu um grito, porque a gaivota não se tinha aproximado dela sozinha. Duas amigas tinham feito companhia à gaivota comilona, sobrevoando também o pratinho dos rissóis para que fosse mais fácil a missão.
Quando se sentaram à mesa, já sem o rissol, todos falaram da aventura. Bem no alto, no céu azul, passou uma gaivota e outra mais pequenina a voar mais devagarinho. 
A gaivota mais pequenina tinha atravessado o rio com a mãe para ver Inês a fazer passos de balet na beirinha de um lago, perto de muitas florzinhas brancas.
A gaivota comilona olhou para baixo e disse à filha gaivotinha: 

Vamos continuar a voar
porque o céu é muito bonito
Não quero voltar a assustar
A mãe de Inês que deu um grito!

2 comentários:

  1. Depois de ouvir com muita atenção,a Inês disse:
    "Mama escreve. Muito obrigada Mama da Ana pela história do Palácio de Cristal. Muito obrigada pela ventoinha e pelo pião que me compraste. Muito obrigada."
    Mama da Inês, OC.

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