4ª f., 31 de outubro
Querido diário,
Ontem, a prima Za disse que eu já
não escrevia há muito tempo. Foi fixe ela ter-se lembrado de mim. Eu pareço
tipo bem disposta mas sou um bocado tímida e acho mesmo fixe quando gostam
de mim. Eu escrevo, mas muitas vezes é só na minha cabeça. Vou para a escola,
vejo uma coisa qualquer sem importância mas gira, oiço palavras que me chamam a atenção e
apetecia-me logo escrever, mas… fica só escrito na minha cabeça.
Por
acaso também me lembro de uma
cena que ficou por contar há algum tempo. A tia Cilinha até disse que se
calhar era por causa do Gi, mas por acaso não era. Eu, nesse dia, disse
que estava mesmo mesmo contente, que era mesmo fixe o que eu
estava a viver. Eu não cheguei a explicar, mas foi por causa da minha
irmã do
meio. Ela vem trabalhar para mais perto e assim posso falar com ela mais
vezes,
posso ir visitá-la (a minha mãe já me disse que só íamos se não
acabassem as
viagens low cost) e assim se ela precisar ou nós, já estamos todos mais
perto e
não é preciso atravessar o Atlântico para a gente se encontrar. Assim é
muito melhor.
Também não escrevo muito porque quando
chego a casa, tenho sempre bué de coisas para fazer. Mesmo que não me apeteça
muito, depois de almoço, começo logo a fazer os tpcês. Isto se a minha mãe não
me disser: Mariana, arranja-te porque quero que vás comigo a casa da avó e a
casa das tias (tenho umas tias muito fixes, já bastante velhinhas, com a casa
sempre muito arrumadinha e com a mesa sempre posta para a refeição seguinte). Por
acaso até gosto de ir lá. Há sempre flores abertas nos canteiros e o cheiro da
casa é especial. Sei lá, cheira ao tempo em que eu era pequena e ia para lá
muitas vezes brincar. Só que elas tinham um pato e eu tinha medo porque ele era muito
grande e desajeitado e corria atrás de mim. Devia ser para brincar mas eu pensava que
era para me atacar e apetecia-me fugir cheia de medo dele. Ele se calhar divertia-se a
assustar-me. E eu caía que nem um patinho.
Hoje no intervalo grande, o Gi abraçou-me e pareceu-me
muito triste. Acabou por me dizer que como amanhã é o dia de se ir ao
cemitério, lembrou-se mais do avô que morreu há alguns meses. Eu disse-lhe que
também tenho muitas saudades do meu pai.
Ficámos os dois abraçados, sem falar e pensativos. Estávamos no
corredor e passou a minha dê tê. Olhou para nós e começou a rir-se ao ver-nos assim abraçadinhos.
Por que é que os setores não pensam que também temos problemas?!
Muitos abracinhos, querido diário.
Mariana
Força, Mariana! Continua a ter tempo para passar ao papel aquilo que fixas na cabeça. Se fosse comigo nunca mais me lembrava do que tinha visto e ouvido. A idade não perdoa, sabes. Ás vezes até penso que qualquer dia ainda apanho a DA, e depois é que não me lembro de mais nada.
ResponderEliminarBjs da
Tia Cilinha
Olá, tia Cilinha!
ResponderEliminarÉ, tenho de escrever mais vezes, mas são sempre tantos testes, trabalhos...
Por aquilo que observo e que a minha mãe me diz, a sua memória é muito boa, mas mesmo eu que sou mais nova, acho que temos de esquecer algumas coisas, senão não cabem na cabeça.
Espero ter sempre o seu ânimo e boa disposição.
Um abracinho
Mariana