O que mais lhe custava era interromper os
passeios quase diários estrada fora. Durante algum tempo, não poderia percorrer os habituais quilómetros de bicicleta, depois de um dia de trabalho ou ao fim de
semana.
Sentir o vento no rosto, a física agilidade feliz
aos sessenta anos, o bem humorado
convívio com os colegas do grupo de ciclistas.. Dava-lhe tanto prazer andar de
bicicleta que nunca tinha pensado na possibilidade de deixar de o fazer.
E disse com doçura meneando a voz e a cabeça:
Quando fiquei doente, pensei: ai que não vou
poder andar mais de bicicleta. É que não imaginas como me sinto bem quando saio para
dar um passeio de bicicleta. Acho que nem em criança conheci um prazer assim. A
vida deu-me coisas muito boas, mas a bicicleta é especial. Ela leva-me onde
quero sem nada exigir em troca. Sem ter de marcar horários de partida ou de chegada. Faz parte de mim. Sem
ela, os meus dias eram vazios e parados.
Já sei que me vais dizer: claro que em breve
vais retomar os teus passeios na tua querida bicicleta.
E assim foi.
Não precisava de palavras de circunstância, mas de acreditar que a bicicleta continuava, em casa, à sua espera.
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