Mas nunca
abstrato. Queria ser nome concreto. Embora saiba que há nomes mais ou menos
abstratos. Ou mais ou menos concretos. Ou que às vezes são abstratos e outras
vezes são concretos. É o caso de justiça, de amor, de reconhecimento… e tantos
outros. Às vezes veem-se e outras esfumam-se de tão invisíveis.
Não gostava de
ser pronome para não fazer sempre as vezes de. Seria menos eu para ser alguém
que eu representaria. Também não gostava de ser adjetivo. É uma classe que dá
jeito mas muitas vezes é poluidora.
Também não me
importava nada de ser verbo. Pronunciado sem erro. Nem sss a mais por descuido,
por desconhecimento, por analogia, por pressa. No caso de ser verbo, queria ser
um tempo simples, não composto. E de preferência do indicativo. Podia ser o
presente ou o futuro. O passado tem muitos tempos e também modos. Demasiados
até. Para conjugar todos os tempos do passado, é preciso ter presentes muitos
desses tempos. E não dá jeito nenhum, porque se misturam com presente e
confundem-no.
Determinante também
não queria ser. Costuma ser breve e é muito impositivo. Restringe como qualquer
definição.
O advérbio tem
um lugar engraçado. Quando está presente, modifica. E em muitos casos para
melhor. É como passar e deixar algumas marcas. Também tem a vantagem de não ser
obrigatório. Tanto está como não está. Pode tirar-se ou voltar a pôr-se de novo.
Sim, vendo bem
a gramática, prefiro o nome.
Por isso te
chamo. Na chama envolvente das palavras.
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