Ele é um jovem americano que está
a aprender português. Perguntou: porquê cafezinho?
É menos quantidade de café? Foi-lhe explicado que é um diminutivo habitual
quando dizemos certas palavras em sinal de carinho.
Ele perguntou (julgo com ironia) se
se aplicava a outras palavras: aeroportozinho,
pilotozinho, chãozinho… Deu risota.
Ontem, uma das palavras mais
repetidas nas televisões era lapso – a
propósito do prolongamento do período em que os funcionários públicos não vão
receber subsídio de férias nem de Natal. A maioria, é claro, porque prevê-se
que instituições como a TAP e a CGD continuem como dantes. A este propósito, na
altura da decisão da manutenção dos subsídios, alguns ministros disseram que
não se tratava de regime de exceção
mas de uma adaptação. Também deu
risota, mas com riso amarelo, como é bom de ver.
Voltando à palavra lapso, se o jovem americano a
conhecesse, talvez perguntasse se se podia dizer lapsozinho!
Se fosse ao Dicionário de Língua Portuguesa Contemporânea, veria que a palavra
provém do “latim lapsus ‘escorregadela’.
1. Ato de escorregar, de cair em falta. 2. Falta, erro, engano, por distração,
descuido ou esquecimento. Falha”…
Os governantes que utiliza(ra)m a
palavra ‘lapso’ insistem, imaculadamente, que ter dito que os subsídios não seriam aplicados só durante dois anos foi um lapso. Um erro? Não, um
lapso? Um engano? Não, um lapso. Uma falha? Não, um lapso.
Os humoristas vão ter assunto.
Nós, os funcionários públicos de brandos
costumes, vamos comentando estes erros enquanto tomamos o nosso cafezinho.
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