7 de Outubro
Querido diário,
Hoje tive uma crítica de uma das minhas irmãs. Mostrei-lhe uma página do meu diário e ela disse assim: Mariana, é tão pediátrico!
Fogo. Eu a pensar que a minha irmã ia dizer que era altamente e outras coisas do tipo: Vês, Mariana, consegues ter os trabalhos em dia e escrever o teu diário… e vem-me com aquela que é muito pediátrico. Isto ainda veio aumentar as minhas confusões. Ainda que as confusões sejam outras, não é. Quando eu contar à Bea, ela vai dizer logo: ó Mariana, deixa lá isso. Ao Gi não vou contar, porque não tenho muita confiança com ele e ia logo pensar que sou uma queixinhas. Por outro lado, a minha mãe diz-me muitas vezes que a gente não pode contar tudo.
No oitavo ano, tive uma colega que disse ao namorado a password. Depois, zangaram-se e ele mostrou a palavra-passe a uns amigos e eles enviaram mails mesmo feios como se fosse ela. Às vezes, penso nisso, porque achei super-indecente. A minha mãe diz-me muitas vezes: Mariana, tem cuidado; não se pode confiar em toda a gente.
E tudo isto por causa de a minha irmã dizer que o meu diário é pediátrico.
- Se calhar é mas não é por isso que vem o mal ao mundo, disse-lhe logo eu.
Eu sou sincera: não gosto nada de ouvir críticas, mas, embora não diga nada, às vezes até dão jeito, porque a gente pode melhorar. É mais chato falar com aquelas pessoas que nem dizem se concordam ou se não concordam. Dá mais pica quando as pessoas dizem o que pensam. Não à bruta, é claro, porque acho isso horrível.
Do que gosto mesmo é de te escrever, querido diário. Posso não te dizer coisas importantes, mas é importante para mim dizer estas coisas. Até parece que vejo e ouço melhor as outras pessoas. É mesmo fixe ter gozo naquilo que fazemos. Uma prof até me disse. Mariana, acho-te mais atenta. E eu pensei logo: será que o Gi ouviu o elogio?
Até à próxima, meu “amiguinho pediátrico”.
Mariana
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