13 de setembro
Querido diário,
As minhas irmãs disseram-me que adoravam, por esta altura do ano, comprar os materiais para a escola. Os meus pais iam com elas e escolhiam tudo a condizer. As capas, as canetas, o estojo, o papel para encadernar… Fogo, eu acho é que nesse tempo ainda não havia crise. O dinheirão que seria. Parece que até foram ao Corte Inglês, em Vigo, porque ainda não havia cá. Para o dia ser em cheio, iam de manhã, faziam as compras e depois iam comer merluza ao almoço(não sei por que traduzem. Já sei que sabem mais do que eu. Também era o que faltava não saberem. Com a diferença de idades que há entre nós!). Em Tuy, compravam chocolates e rebuçados e ainda passavam por Valença, onde a minha mãe gostava de comprar toalhas e panos da loiça. Deviam vir carregados! A carteira é que devia pesar muito menos!
Eu, por mim, tenho as minhas coisas do ano passado e ainda servem muito bem. Os manuais são diferentes, mas aproveitei os livros de uma prima. Pra mais ela era muito boa aluna. Assim tenho tudo escrito e gasto menos tempo a fazer os trabalhos de casa. Não gosto nada de estar muito tempo sentada e não se pode fazer os trabalhos de casa em movimento. A minha mochila também é fixe. Fico chateada é quando me pegam nela e a atiram para o chão. Um dia, ficou toda suja, fiquei possessa e disse um palavrão. Nem reparei numa professora que ia a passar. Olhou pra mim e disse: parece impossível, as raparigas são piores do que os rapazes. Eu nem disse nada, porque um dia, por uma coisa parecida, chamaram-me Calimera e não gostei nada.
Até logo, amigo. Andas sempre na minha mochila e no meu coração
Mariana
PS – Chamam “Pombal” aos contentores onde vamos ter aulas. Depois conto-te.
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