Para o J. D.
Era uma vez um menino que gostava muito do que a Natureza nos oferece. Apreciava ver os caracóis, na sua marchinha lenta, com a casinha às costas; as corridinhas das formigas a desviar-se de uma migalha mesmo pequenina…
O menino também gostava muito de plantas aromáticas: hortelã, salsa, loureiro… limonete, tília…
O menino era muito curioso e observador. Queria saber o nome das flores, dos arbustos, das árvores… E como estava sempre de olhar bem atento, perguntava muitas vezes:
- Ó mãe, ó mãe… e logo vinha a questão.
- E alargava os destinatários:
- Ó avô…
Um dia, passou rentinho a um canteiro onde havia brincos de princesa muito redondinhos, com cores bem nítidas: roxo, vermelho claro... Os estames eram fininhos e aveludados.
O J. apanhou uma dessas flores e, observando-a, achou-a tão perfeita que procurou logo um copo com água para que não murchasse nem perdesse a sua beleza.
E reparou que todos os brincos tinham lugar no arbusto, apesar da quantidade. E nenhum parecia guerrear nem ficar zangado.
E, perto, havia outros brincos de princesa em forma de sino. Apetecia mesmo fazer dlim dlam dlim dlam…
E os diferentes brincos de princesa, baixinho, pareciam contar uma outra estória:
Era uma vez um príncipe muito bonito, muito simpático, muito curioso e também alegre e brincalhão.
O jovem príncipe vivia muito feliz no seu pequeno reino.
Tinha, sempre aberta, uma praia grande onde podia correr e saltar. O mar erguia-se em ondas de espuma branquinha. Bem perto, possuía uma casa sempre acolhedora donde podia ver as dunas e o pôr do sol. A escola que frequentava era bonita e toda a gente trabalhava com gosto e alegria. A família levava-o a passear e ajudava-o a compreender o que se passava à sua volta. Os amigos gostavam muito dele e tentavam responder às suas questões. Fazia experiências científicas e descobria sempre novas coisas, estivesse ele em casa, na escola, no Museu…
E ainda lhe pareceu ouvir:
És tão feliz no teu reino;
Vês sorrir a Natureza!
Como ela está em festa,
Pôs os brincos de princesa.
Pois o J.D., prícipe do sol, da chuva, das ervas (doces e não só) e dos eventos científicos, tem mesmo que gostar destes brincos de Princesa, os quais habitam num pequeno reino, em Ramalde (Gondomar, Sr. Taxista! Gondomar!).
ResponderEliminarParabéns por este conto e pelo seguinte que tem o cheiro e a cor do mar! Penso que nasceu numa das sessões do M. C.!? Não?
bjinhos, Mariana
E bons sonhos que sonham ser histórias...
IA, também Clarinha
O João já conhece esta história, mas, ao passar pelos brincos de princesa, tive vontade de a recordar.
ResponderEliminar"Maresia" nasceu, sim, num dos últimos Ateliês de Escrita em Serralves, dinamizado pelo escritor Mário Cláudio. Tínhamos de nos pôr na pele de alguém que nunca tinha visto o mar.
Também escolhi este pequeno texto porque a mãe ´e referida e a minha, ontem, fez (85) anos.
Beijinhos, bom sol e boas escritas.
M.