Embora esteja quase tudo informatizado, muitas vezes precisamos de documentos em papel. É o que me está a acontecer por estes dias. Preciso de um documento que não encontro.
Não sou muito organizada, mas o suficiente para, habitualmente, saber onde estão as coisas, porque costumo pô-las em sítio certo. (Nem sempre, é claro). Pois bem, não encontro o documento de que preciso. Tiro as pastas da gaveta, abro as pastas, folheio a papelada, vejo o tema das folhas, separo as que foram lá parar mas deviam estar noutras capas, encontro tudo e mais alguma coisa, mas o documento que procuro é que não.
E logo me lembro da minha mãe que andava muitas vezes à procura ou do porta-moedas, ou do bilhete de identidade, ou de uma folhinha da vida de um santo que venerava… e a minha mãe sofria com isso, dizendo que estava a ficar sem memória. Tentávamos consolá-la dizendo que acontece a toda a gente e uma neta chegou a dar-lhe algumas instruções para que tal não acontecesse. Se bem me lembro foi que devia sempre pôr as coisas no sítio certo e não as deixar noutros lugares.
Porém, o documento que procuro estará no sítio certo, apesar de não o encontrar. Ou será que não está? Já duvido.
Apetece-me pensar que haverá uma solução e que o documento, apesar de ser importante para mim, não é caso de vida ou de morte, mas não vou desistir de procurar o fugitivo no meio das papeladas. Lamentarei o tempo que vou perder, mas será ganho se o encontrar, embora duvide que haja o desejado encontro.
Mãe, como a compreendo. Desculpe de só agora o dizer desta maneira.