segunda-feira, 30 de abril de 2018
domingo, 29 de abril de 2018
"Jeito de Escrever" - Irene Lisboa
Não sei que diga
E a quem o dizer?
Não sei que pense.
Nada jamais soube.
E a quem o dizer?
Não sei que pense.
Nada jamais soube.
Nem de mim, nem dos outros.
Nem do tempo, do céu e da terra, das coisas...
Seja do que for ou do que fosse.
Não sei que diga, não sei que pense.
Oiço os ralos queixosos, arrastados.
Ralos serão?
Horas da noite.
Noite começada ou adiantada, noite.
Como é bonito escrever!
Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto - o jeito.
Ao acaso, sem âncora, vago no tempo.
No tempo vago...
Ele vago e eu sem amparo.
Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das horas. Mortas!
E por mais não ter que relatar me cerro.
Expressão antiga, epistolar: me cerro.
Tão grato é o velho, inopinado e novo.
Me cerro!
Assim: uma das mãos no papel, dedos fincados,
solta a outra, de pena expectante.
Uma que agarra, a outra que espera...
Ó ilusão!
E tudo acabou, acaba.
Para quê a busca das coisas novas, à toa e à roda?
Silêncio.
Nem pássaros já, noite morta.
Me cerro.
Ó minha derradeira composição! Do não, do nem, do nada, da ausência e
solidão.
Da indiferença.
Quero eu que o seja! da indiferença ilimitada.
Noite vasta e contínua, caminha, caminha.
Alonga-te.
A ribeira acordou.
Irene Lisboa, in 'Antologia Poética'
Enquanto é abril
Benedita kendall |
Em abril, águas mil.
Em abril, cada pulga dá mil.
Em abril, vai onde deves ir, mas volta ao teu cuvil.
Inverno de março e seca de abril deixam o lavrador a pedir.
Não há mês mais irritado do que abril zangado.
No princípio ou no fim, costuma abril ser ruim.
Quando vem março ventoso, abril sai chuvoso.
Quem em abril não varre a eira e em maio não rega a leira anda todo o ano em canseira.
Uma água de maio e três de abril valem por mil.
sábado, 28 de abril de 2018
sexta-feira, 27 de abril de 2018
quinta-feira, 26 de abril de 2018
Fernando Pessoa
quarta-feira, 25 de abril de 2018
"O canto da liberdade"
Enviado pelo Clube das histórias |
Peço desculpa pela leitura do poema não ser tão fácil como eu gostaria.
Pelas mãos de um poeta
As Mãos
Manuel Alegre
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Com as mãos - se faz música
Tuna Académica da Universidade de Coimbra no auditório do Conservatório de Música de Coimbra
Dia 30 de Novembro de 2014
terça-feira, 24 de abril de 2018
Ontem voltei à Escola!
A Associação de Pais da Escola Secundária de Gondomar teve um importante papel no evento
realizado ontem à noite na Escola Secundária de Gondomar, que encerrava as comemorações dos 100 anos da instituição.
No debate realizado, levantaram-se problemas importantes como
a Educação de Adultos e os seus reflexos na educação dos jovens;
a extensão dos programas e os constrangimentos causados pela necessidade do seu cumprimento;
a valorização da nota para entrada na Faculdade, em detrimento de outras competências;
o envelhecimento da classe docente;
a preocupação dos docentes na formação e no sucesso dos seus alunos; etc.
Tema do debate que marcou a conclusão das comemorações dos 100 anos da ESG |
Uma bela serigrafia que reúne muitas áreas trabalhadas na escola |
Como era dia de festa, houve presentes - para que fiquem |
Era Dia Mundial do Livro e houve leituras partilhadas |
O jornal 1º Toque |
E houve música com uma pequena orquestra formada por jovens do Agrupamento de escolas;
canções por alunos de Cursos Profissionais que também fizeram (como é a sua prática) uma boa e simpática receção aos convidados;
um bolo fantástico com imagens da ESG na sua cobertura;
reencontros de colegas e amigos;
abraços sorridentes entre pessoas para quem a Educação sempre foi fundamental no desenvolvimento humano;
uma exposição de fotografias que mostram o entusiasmo e o trabalho continuado por muitos ao longo de diferentes gerações;
ambiente de festa em que alunos, professores, encarregados de educação, funcionários colaboraram...
Em vésperas das comemorações do 25 de Abril, foi uma boa prova do valor da Democracia e da importância da Educação.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
domingo, 22 de abril de 2018
sexta-feira, 20 de abril de 2018
quinta-feira, 19 de abril de 2018
Em Mindelo: Alerta contra a poluição de plástico no mar
Obrigada, D., pelo link da notícia - que versa a praia de Mindelo (Vila do Conde) de que tu e eu tanto gostamos. Oxalá este alerta possa servir a outras praias e a outros mares.
segunda-feira, 16 de abril de 2018
sexta-feira, 13 de abril de 2018
Algumas semelhanças e muitas diferenças
À volta da mesa, estavam quatro mulheres. Amigas. Duas delas tinham contos publicados e uma destas publicara um livro juvenil. Ambas gostavam de escrever. Mesmo muito de escrever. Direi até que seriam infelizes se não escrevessem, embora fosse pouca a publicação.
Uma das outras duas que estavam à volta da mesa disse:
- Vocês, as escritoras.
E logo, entre sorrisos, veio a resposta da amiga e também amiga da escrita:
- Nós escrevemos, mas não somos escritoras.
Concordei com a resposta e fui pensando: Não sou escritora, mas dificilmente poderia viver sem escrever!
Julgo que ela também não.
quinta-feira, 12 de abril de 2018
Ainda vale a pena falar de flores?
"Ontem, quase à mesma hora em que um dos homens mais poderosos do mundo admitia não ter controlo absoluto sobre a rede social que criara, um outro homem, presidente dos Estados Unidos da América, usava uma rede social para empurrar o mundo rumo ao que parece ser o descontrolo absoluto."
In Expresso Curto de hoje
Gostava de lhes saber todos os nomes
Lírio ou íris (?) de laivos azuis |
Tulipa altiva |
Goivos perfumados |
Macias margaridas |
A minha mãe chama-lhes Bons Dias |
Andorinhas entre malmequeres |
Mesmo sem nome, merecem legenda |
quarta-feira, 11 de abril de 2018
O que (sobretudo) muitas mães me diziam
Como diretora de turma, sempre recebi mais mães do que pais. Estes vinham quase sempre a acompanhar a encarregada de educação e também quase sempre deixavam entender que intervinham menos na educação dos filhos.
Quase sempre vinha à baila o tempo que os jovens dedicavam ao estudo e isso variava muito. Havia meninos que estudavam horas, o que se traduzia em muito bom aproveitamento e os que pouco ou quase nada dedicavam à sistematização das matérias.
Ora, várias mães confrontavam-se com um problema: os filhos passavam muito tempo em casa ou no quarto sozinhos, diziam que estudavam, elas queriam acreditar mas não podiam confirmar. Muitas vezes, diziam elas, estavam com o computador aberto, com o telemóvel ligado, dizendo que estavam a fazer os trabalhos de casa.
Em muitas situações destas, elas desconheciam sobretudo o funcionamento dos computadores, por isso, não dominavam a situação, nem pouco mais ou menos.
Porém, algumas afirmavam de pés juntos que os filhos passavam muito tempo a estudar, usando as novas tecnologias, logo, o mau aproveitamento só poderia ser justificado por falhas da escola. Outras, porém, reconheciam que o seu funcionamento lhes passava ao lado e que, por isso, ficavam confusas.
E quase todas as mães eram ainda muito jovens.
E quase todas as mães eram ainda muito jovens.