Poderia enumerar muitas coisas que me agradam em Londres, mas vou referir os canteiros floridos das casas. Retangulares na sua maioria, surgem às janelas, nos muros, no pavimento... E as flores são quase sempre miudinhas e de cores diferentes: azul, violeta, branco, amarelo...
E sob um céu tantas vezes cinzento e tantas vezes chuvoso, desenham-se estes bocadinhos alegres e vivos bem perto de quem por eles passa e de quem junto deles reside. Apetece passar devagar e contemplar os diferentes canteiros, uns mais bem cuidados do que outros, mas coma suave e bela pujança de um clima que torna mais verde o que a natureza assim sempre pintou.
A junção de tantas cores é como a multiplicação de etnias que coabitam em Londres. Haverá alguém que queira que os canteiros londrinos tenham uma só cor? Se assim for, muitas flores morrerão e as que ficarem murcharão porque, ao serem cortadas todas. as outras, as raizes não deixam de ser afetadas.
I ❤️ London nas cores húmidas que a natureza da vida foi acrescentando, dando força e beleza à cidade. Só quem não a ama ou não a conhece será capaz de o fazer. Ou não passou por ela devagar, como quando se contemplam os seus canteiros.
quarta-feira, 29 de junho de 2016
sexta-feira, 24 de junho de 2016
BREXIT
Baile com máscaras a cair
Restos da União sonhada no passado
Europa fragmentada
Xadrez a exigir novas peças
Indesejado afastamento
Toada triste
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Ainda haverá poema?
Ó meu rico S. João,
Tira-nos deste empate
Ajuda a encontrar a vitória
Para que não fique na memória
Ganhar apenas por resgate
Com ou sem microfone
Que os jogadores não atirem à água
Tantos sonhos tantas crenças
Para resolver desavenças
Que emergem de tanta mágoa
E há muitos poetas que cantam
Os jogadores em campo a lutar
Como se a vida estivesse a seus pés
Com a bola a correr a sete pés
Para a vitória poder alcançar
Meu rico S.João, desculpa
De tanto pedido fazer
Nisto que não são orações
Apenas algumas impressões
De quem poema não sabe fazer
Mas no sábado é que vai ser
Diz o povo com esperança
E assim se esquece a tempestade
Sempre à espera da bonança!
Tira-nos deste empate
Ajuda a encontrar a vitória
Para que não fique na memória
Ganhar apenas por resgate
Com ou sem microfone
Que os jogadores não atirem à água
Tantos sonhos tantas crenças
Para resolver desavenças
Que emergem de tanta mágoa
E há muitos poetas que cantam
Os jogadores em campo a lutar
Como se a vida estivesse a seus pés
Com a bola a correr a sete pés
Para a vitória poder alcançar
Meu rico S.João, desculpa
De tanto pedido fazer
Nisto que não são orações
Apenas algumas impressões
De quem poema não sabe fazer
Mas no sábado é que vai ser
Diz o povo com esperança
E assim se esquece a tempestade
Sempre à espera da bonança!
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Às 5h de hoje, haverá também poema?
A SELEÇÃO
Poema de Carlos Drummond de Andrade
Vai Rildo, não vai Amarildo?
Vão Pelé e, que bom. Mané,
o menino gaúcho Alcino
e nosso veterano Dino,
Altair, rima de Oldair,
ecoando na ponta: Ivair,
e na quadra do gol: Valdir.
Fábio, o que não pode faltar,
e também não pode Gilmar,
como, entre os santos dos santos,
o patriarca Djalma Santos,
sem esquecer o Djalma Dias
e, entre mil e uma noites, Dias.
Mas se a Comissão não se zanga,
quero ver, em Everton, Manga.
É canhoto, e daí? Fefeu,
quando chuta, nunca perdeu.
A chance que lhe foi roubada,
desta vez a tenha Parada.
Paraná, invicto guerreiro
para guerrear como aqui, lá.
Olhando pró chão, Jairzinho
é como joga legalzinho.
Não abro mão de Nado e Zito,
nem fique o Brito por não dito.
Ditão, é claro, por que não?
e o mineiríssimo Tostão,
o grande Silva, corintiana
glória e mais o áspero Fontana,
Dudu, Edu... e vou juntando
bons nomes ao nome de Orlando,
para chegar até Bellini
em cujas mãos a taça tine.
Célio, Servílio: suaves eles
já completados por Fidélis.
Edson, Denilson e Murilo,
cada um com seu próprio estilo.
Um lugar para Paulo Henrique
enquanto digo a Flávio: fique!
Com Paulo Borges bem na ponta
eu conto, e sei que você conta.
Na lateral, Carlos Alberto
estou certo que vai dar certo.
Acham tampinha Ubirajara?
Valor não se mede por vara.
Até parece de encomenda:
Leônidas, nome que é legenda.
E se Gérson do Botafogo
entra no campo, ganha o jogo.
Não podia esquecer o Lima
e seu chute de muita estima.
Com tudo isso e mais Rinaldo
e o canarinho de Ziraldo,
quarenta e seis, se conto bem
— um time igual eu nunca vi
em Europa, França e Belém —
que barbada seria o Tri,
hein?
(Correio da Manhã, 03-04-1966)
segunda-feira, 20 de junho de 2016
sábado, 18 de junho de 2016
Algumas cores de S. João
Parte da instalação "Gira", no Largo de S. Domingos - Porto |
S. João, és manjerico,
Alho porro, erva cidreira
E também o martelinho
A dar cor à barulheira!
S. João, na minha infância,
Eu pedia um tostãozinho,
Mas se eu fosse banqueira,
Logo teria um milhãozinho!
O desconcerto do mundo
Na Europa foi instalado;
O rico recebe prémio
E o pobre é castigado!
S. João, isto vai mal
No reino da Educação.
Haverá liberdade de escolha
Quando é enorme a seleção?
E por falar em seleção,
Logo o futebol vem à mente;
Oxalá Portugal aqueça
Para animar cá a gente!
E os políticos argumentam
Como se fossem virgem santinha;
Querem que os lugares aqueçam
Puxando brasa à sua sardinha!
Ó meu rico S. João,
Vou-te fazer um pedido:
Ajuda a encontrar a direção
Neste mundo tão perdido!.