terça-feira, 23 de julho de 2019

O parque oriental da cidade do Porto

Ontem fui caminhar com uma amiga no parque oriental da cidade e gostei muito daquele espaço verde.
Está ainda em construção, mas ainda bem que foi repensado para ser percorrido e desfrutado pelas pessoas. 
O piso é bom para caminhar ou correr, há muitas árvores, muitas sombras e muitas pedras que, para além de embelezar o local, funcionam como bancos ou mesas.
Mostro apenas uma pequena parte, porque há zonas mais largas onde, possivelmente, haverá relvado. Estava lá a ser montada uma estrutura metálica enorme porque no próximo sábado vai haver um espetáculo de música eletrónica.
Como quase nada é perfeito, sente-se de vez em quando o cheiro da ETAR e do rio Torto que por lá circula ainda com alguma poluição, embora noutras partes do percurso se sinta o perfume das árvores. 
Também não vi  zonas específicas para crianças, mas, como disse, está ainda em construção. E a Roma ou a Pavia não se vai num dia!!!
O que é preciso é pôr mãos à obra e esta parece ser uma boa obra!

terça-feira, 16 de julho de 2019

Tantas cores, Natureza!


Há belas músicas que se conhecem por feliz acaso

Pequenas histórias de uma ida a Londres

história 1
Na ida, coube-me o lugar junto à janela do avião. Ao meu lado, iam duas mulheres que viajavam em trabalho que era comum. Não se conheciam. Começaram a falar e a conversa durou as duas horas de viagem. Uma era mais faladora do que a outra. Repetiu várias vezes que gostava de falar. E falou longamente. E contou amores e desamores, partidas e regressos, gostos e desgostos...
Eu ia olhando pela janela do avião, fechava os olhos de vez em quando, mas, mesmo que não quisesse, ia ouvindo as histórias de vida que estavam a ser contadas.
No final, trocaram contactos, depois de toda uma vida ter voado enquanto durou o voo até Londres.

história 2
Quando estou em Londres, vou muitas vezes ao Waitrose local fazer as compras do dia. Há uma senhora na caixa que fala com os clientes, enquanto faz os seus registos. Ele é o tempo, ele é qualquer fait-divers do dia... Ah, e também sorri bastante. Já tem uma certa idade e as palavras são ágeis como as mãos que, ao longo do dia,  põem centenas e centenas de embalagens, com outros tantos sorrisos, do lado da recolha pelos clientes.
Interrogo-me sempre se continua a sorrir depois de um dia de trabalho.

história 3
Fui com a família ao Museu dos Transportes, que abre ao público apenas algumas vezes no ano. Aceitei a ideia de bom grado, embora tivesse pensado, para os meus botões, que teria um interesse relativo, porque estou mais habituada a ir aos museus de arte.
Enganei-me. Passámos lá várias e boas horas. Havia comboios e autocarros desde os primórdios dos transportes públicos e muitas atividades para as crianças que os adultos acompanhavam com agrado.
De facto, a evolução dos transportes públicos com vista à qualidade de vida das pessoas é também uma importante forma de arte. 

história 4
Quando chegámos ao Museu dos Transportes de manhã, logo parámos numa atividade. Um homem e uma mulher estavam sentados em frente a uma mesa e, com a ajuda de cada criança, era mostrado o movimento elétrico do comboio. A nós coube ser a senhora a fazer a demonstração, sempre com a colaboração da criança.
À tarde, voltámos a passar nesse lugar.  A Clarinha quis participar de novo. Enquanto esperávamos pela nossa vez, assisti aos mesmos movimentos da senhora para que as crianças compreendessem o funcionamento do comboio na sua linha. A atitude positiva e interativa com as crianças era a mesma da manhã. Embora tivesse repetido inúmeras vezes a operação, parecia ser sempre a primeira vez a fazê-lo.

história 5
Na viagem de regresso, encetei diálogo com a senhora que vinha ao meu lado no avião. Vivia em Londres há dezenas de anos. Nas traseiras da casa, tinha uma pequenina horta e algumas flores. Na horta tinha dois pés de couve galega para fazer caldo verde de vez em quando e um arroz de feijão com couve a fugir do prato. Disse-o com algum regalo no sorriso.


segunda-feira, 8 de julho de 2019

João Gilberto - 1931/2019

Viu e cantou as 'coisas mais lindas'. 
Possa ter deixado sementes para construir um país e mundo melhor.
Há dias, vi uma foto dele fazendo festas nos cabelos de uma neta - que coisa mais linda também.
Teve uma vida longa e deixou uma bela obra. Que coisa mais linda!

sábado, 6 de julho de 2019

Jorge Palma | Frágil

Sting - Fragile

Conversa à espera de vez

- Ó menina, vou-me embora.
- Mas ainda não foi à consulta. Está marcada.
- Estou cheia de nervos por estar à espera há tanto tempo. Fico pior do coração.
- Se for à consulta, pode ficar bem melhor.
- Pronto, eu fico mas não acho nada bem estar aqui tanto tempo.
- Há outros doentes que vieram mais cedo, tem de compreender.
- Eu compreendo, mas espero pelo autocarro, espero pelo meu marido, espero pelos meus filhos, espero pela patroa, espero no hospital...
- Pois, acredito!
- E por mim ninguém espera!


terça-feira, 2 de julho de 2019

Ligar/ desligar...

Tenho dificuldade em passar dias seguidos sem alguns silêncios. De preferência ficar só nem que seja por pouco tempo.
Tudo parece sossegar e distinguir melhor os sons que me rodeiam.
Há muitos muitos anos, num campo de férias, estava uma rapariga que nunca falava às refeições e parecia desligar de todo o ruído envolvente. Dizia que precisava daquele tempo de silêncio para alimentar o corpo e o espírito. Nós, as outras raparigas, que tínhamos comportamentos mais comuns, achávamos estranho, mas julgo que respeitávamos essa opção por ser genuína.
Outro caso de que me recordo é de uma investigadora que, quando participava em congressos que duravam o dia inteiro, almoçava sempre sozinha, porque precisava de recolhimento e de refletir sobre o que tinha ouvido.
Recordo estes e outros casos porque, apesar de ter necessidade de silêncios, não teria a mesma coragem.
E há lugares de continuada vozearia. Quem lá está ou trabalha, muitas vezes, chega a casa e tudo é alto: o som da televisão, do telemóvel, da gritaria...
Um dia, fiz uma viagem de comboio Lisboa-Porto. Na carruagem, vinha pouca gente e eu pensei com prazer que recostaria a cabeça, olhando a paisagem e ouvindo silêncios prolongados. Poderia pensar na vida e talvez tivesse até algumas ideias úteis. Qual quê. Duas ou três pessoas aproveitaram a viagem para porem as conversas de telemóvel em dia. Enviavam, recebiam mensagens e chamadas... Explicavam onde estavam, o que fariam à noite, a que horas, com quem...
Quando cheguei a Campanhã, estava enjoada, mas não era da viagem.
Quando cheguei ao carro, a primeira coisa que fiz foi desligar o rádio.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

'Porto Sentido' - Em dia de S. João

Conversa descansada com sotaque brasileiro

- Gostaste do quarto e da cama?
- Adorei. Foi a primeira coisa que agradeci antes de adormecer.
- Como assim?
- Antes de deitar, lembro três coisas boas que me aconteceram durante o dia e que agradeço.
- Que tipo de coisas?
- Sei lá, coisas simples e concretas. Não pode ser nada ruim.
- Boa ideia.
- Assim, adormece-se bem melhor. Experimente. Você vai ver!



domingo, 23 de junho de 2019

Bom S. João!

Quando acordei, ouvi chuva.
Julguei sonhar acordada;
Foi ela que veio à festa
E não a fresca orvalhada!


sábado, 22 de junho de 2019

Dublin - não fui lá, mas gostava!

Oscar Wilde (1854-1900)

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Num jantar de amigos




Ontem, num jantar de amigos,
para além de muitas conversas e gargalhadas
que ocorrem entre amigos
que são amigos de verdade e de carne e osso
porque podem falar e rir-se à vontade,
havia petiscos saborosos,                                                                      
rostos felizes à volta da mesa,
muitas histórias engraçadas...

E também flores
E poemas sobre a amizade.

Quando são bons os momentos,
nem se sabe dizer
qual o mais poético!



Para um Amigo Tenho Sempre


Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.


António Ramos Rosa, in "Viagem Através de uma Nebulosa"

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Enquanto há futuro


Postal enviado pelo Clube das Histórias


 

Depois da chuva


terça-feira, 18 de junho de 2019

Cristina Branco - Eu


Por tantos eus que existem em cada Eu.

Conversa no autocarro

- Que bom ter-me sentado ao pé de si.
- Fico contente.
- Precisava de falar sobre essas coisas e não encontrava quem me pudesse ouvir.
- Também gostei muito de conversar consigo.
- Desculpe, posso visitá-la um dia destes?
- Claro que sim. Moro no convento ao fundo da rua.


domingo, 16 de junho de 2019

Conversa doce em casa

- Mamã, do que gosto mais são  doces e leite.
- Como é que sabes que gostas de doces se nunca comes?
- Já comi.
- Quando?
- No Halloween, deixaste-me comer um e adorei.