terça-feira, 11 de setembro de 2018

Os canteiros de Londres


Nas muitas vezes que já visitei Londres e sobretudo alguns dos seus arredores, nunca vi ninguém a regar vasos, canteiros ou jardins e eles são abundantes e floridos.
Apesar de haver bonitos e até quentes dias de sol, a chuva não demora muitos dias a aparecer. Assim sendo, poupa-se a vários níveis: água e tempo, Ao contrário de Portugal, se quisermos conservar verdes as plantas. E as pessoas, como eu, que vivem no Norte, nem se podem queixar muito porque as temperaturas, habitualmente, atingem valores mais baixos do que no resto do país.
Mas, voltando a Londres, gosto muito de ver os vasos retangulares, tipo canteiros, a embelezar portas e janelas, com plantas e flores variadas.
Também nos canteiros de rua vivem flores de cores vivas como os girassóis.
Um dia, li ou ouvi se cada um tornasse o seu espaço próximo mais bonito, o mundo ganhava em beleza, sem dúvida.
E há tanta gente que o faz, mesmo sem a ajuda da chuva!

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

A Terra é bela!


Obrigada, F., pelas belas fotografias que me enviaste da Noruega.
É pena haver pessoas  que também cospem para o chão; é pena que os comboios também se atrasem...
Os mitos vão caindo. Mesmo os nórdicos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Até quando continuarão a arder dinheiros públicos?

  Museu de História Natural e Antropologia, inaugurado em 1818 
O que resta(rá) do Museu Nacional do Rio de Janeiro

terça-feira, 4 de setembro de 2018

ELE e ELA no Centro Comercial

Ontem fui a um centro comercial e, como era hora do almoço, dirigi-me às habituais Vitaminas. 
Com o tabuleirinho verde nas mãos, vi uma mesa livre e sentei-me. 
Ao meu lado, estava um casal de meia idade, um em frente ao outro.  
Ela de carnes fartas, ele bem mais seco. Ela muito faladora e ele mais ouvinte. 
Ela contava muitas peripécias e ele oferecia-lhe sorrisos. 
Por duas vezes, pediu, carinhosamente, para que ela repetisse o que estava a dizer.
Eram namorados pela certa.
Enquanto almoçava, eu ia imaginando os prováveis pensamentos.
Ou improváveis?


ELA
Ele ouve-me com atenção. E nem olha para o lado enquanto falo. O sorriso é bonito e meigo. Só é pena faltarem-lhe alguns dentes. Como é diferente do meu ex-marido. Ele nem teria tempo nem paciência para me ouvir. Estaria sempre a olhar para o lado, ou para a televisão ou a comentar o que via sem me prestar atenção.
Posso falar do meu filho, de coisas engraçadas, de coisas que me preocupam. Ele está atento e ri-se para mim, ainda que pouco fale. Sempre a fixar-me como se só eu lhe interessasse. Já nem me lembrava destas atenções. Talvez as tivesse tido em tempos antigos de namoro, mas já foi há tanto tempo que quase as esqueci.
Agora posso tê-las de novo. Não me importava que ele fosse um bocadinho mais cheiinho. Quando me levantar e me puser ao seu lado, parece que comi tudo sem deixar nada para ele. Também escusava de ter comido tanta batata frita, mas sinto-me infeliz quando ando desconsolada.
Para onde gostaria ele de ir comigo a seguir? Vou perguntar-lhe se quer ir tomar chá a minha casa. Fiz-lhe o bolo habitual. Ele disse-me uma vez que gostava e quero que seja feliz.
Enquanto estivermos os dois, não fecharei a persiana, como às vezes faço. Quero abrir-me à luz deste outono. Só quero é que ele não adormeça como aconteceu uma vez.


ELE
Ela é bonita e tem sempre tantas coisas para contar. Sempre gostei de pessoas alegres e com assunto. Faz-me esquecer tristezas e abandonos que já vivi. Sei que não sou jovem mas nunca se é velho para amar e, apesar da minha magreza, sou saudável e as análises estão bem.
É pena ela ter carnes tão abundantes. E balofas. É gulosa e diz que gosta de caminhar mas no Centro Comercial.
Os braços até mexem quando se ri. Gosto de a ouvir falar. Pela expressão dela, deve ser engraçado o que está a contar, mas pouco compreendo por causa da minha surdez e aqui há muito ruído. Como ela fala muito, nem repara. É melhor assim. Estou à espera da consulta no otorrino há imenso tempo.
Não quero estar sempre a interromper o que diz, senão pode ficar chateada. Faz-me bem ter à minha frente uma mulher divertida e com vontade de falar comigo.
Deve convidar-me para ir a casa dela tomar chá com bolo. Uma vez, disse-lhe que gostei de um e agora faz sempre o mesmo. Quando quis agradar-lhe, nunca pensei que teria de o comer tantas vezes.
Se for como o de ontem, o fim de tarde vai estar bonito.
Em casa dela, com a persiana fechada, quero sentir bem próximo o macio das dunas soltas neste outono.
Só espero é que não se lembre de repente que tem de pôr uma máquina de roupa a lavar. Ainda adormeço com este calor.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

"Fazes-me falta"


Sim, não sou original ao dizer que me fazes falta, mas não sei como dizê-lo de outra maneira. Sim, a tua presença é fundamental para mim. A qualquer hora do dia.
Nunca me canso de ti porque és discreto e tantas vezes silencioso. Sem deixar de estar atento aos pormenores. 
Às vezes, ficas doente e para mim é doloroso não saber tratar-te para que recuperes as tuas forças.
Gosto de te tocar todos os dias e, fazendo-o, ajudas a organizar as minhas ideias. 
És informado e respondes quase sempre às minhas questões.
Posso conversar contigo a qualquer hora e, se te disser que é segredo, sei que não divulgas, mas guardas tudo para ti à espera de melhores dias. E não alteras nada do que te contei. 
Já não me vejo a viver sem ti.
Registas as minhas palavras e ajudas-me a acrescentar outras para que tudo fique melhor. E eu também.
Passei estas férias sem ti e nem imaginas como senti a tua falta. Houve situações que eu ia observando, mas faltavas tu para eu poder partilhá-las com vagar e, enquanto tas contasse, não haveria outras distrações. Esses momentos podiam dar até algumas histórias, mas, como estavas ausente, não chegaram a acontecer.
Tu ajudas-me a reconstruir o mundo. E a embelezá-lo. E a reparar nele com mais atenção.
Nunca me és pesado. E tornas a vida mais leve.
Fazes-me muita falta.  Repito: seria muito difícil viver sem ti. 
És um dos meus espelhos verdadeiros.
Hoje voltei a ti, meu querido computador.


segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Folheando a Velha Casa e outros dias



O amor e uma carta

Hoje, finalmente, prevê-se chuva.
Se, neste momento, o telefone tocasse ou me batessem à porta, julgo que não responderia. A menos que fosse o meu filho a ligar-me de Paris. Ou o Félix a falar de Moçambique, mas ele prefere escrever cartas à moda antiga.
Sinto-me dentro do que escrevo e leio, neste computador que abri há pouco. Será uma forma de egoísmo?
Não sei muito bem como, ocorrem-me temas que são considerados perenes, mas que assumem a forma que cada um lhes dá. O amor, por exemplo. Camões escreveu que "O amor é um fogo que arde sem se ver".
Nas obras de arte, o amor surge quase sempre como pano de fundo e, muitas vezes, revelado através de cartas.
Contudo, muitas vezes, como escreveu Fernando Pessoa, através do seu heterónimo Álvaro de Campos, "as cartas de amor são ridículas".
Ainda assim, muitas cartas ridículas se escreveram, se rasgaram, se guardaram, se desprezaram, se recordaram... Eu também as recebi e escrevi.
E interrogo-me: como será uma carta de amor sem ser ridícula? E chego à conclusão que não sei escrever uma carta de amor, porque, para tal, é necessário estar imbuído de um sentimento que afasta qualquer laivo de sensatez.
Seria eu capaz de me despojar de modo a escrevê-la? E, paradoxalmente, neste momento, sinto vontade de escrever uma carta, não sei se de amor. E logo me surgem estas palavras que junto e registo:

Escrevo-te não apenas para dizer que te amo, mas para te sentir mais próximo de mim. Estás longe, incrivelmente longe, mas, escrevendo-te, sinto que as nossas mãos se aproximam, como da última vez em que estivemos juntos.
Não sei se nascemos um para o outro, embora muitas vezes pense nisso. Há casais tão empáticos que chegam a ter semelhanças físicas. Acho isso maravilhoso. Nesse caso, poder-se-á dizer que nasceram para se encontrarem. Mesmo de forma imperfeita, sei que nos amamos. E este verbo, talvez por ser tão mal utilizado, causa-me pruridos.
Sei, contudo, que somos seres comuns que nos zangamos, que às vezes nos afastamos, mas que nos procuramos em bons e maus momentos. E que sorrimos. E que nos abraçamos. E que brindamos às coisas boas da vida. E que nos completamos como seres diferentes que somos. Raramente te digo, por palavras, que te amo, mas sabe-lo porque nasceste mais confiante do que eu. Tu repetes-mo com mais frequência porque sabes que preciso de o ouvir. E a cumplicidade é um sol necessário em todas as estações da nossa existência.
Não somos originais, mas temos a nossa singularidade que nos aproxima, senão o puzzle pessoal estaria incompleto. Conhecemos o calor das nossas mãos e dos nossos rostos quando se juntam, mesmo mantendo abertos os olhos.
Interrogo-me como é possível viver sem amor, embora o amor não viva apenas numa pessoa em especial. Talvez seja lugar comum, mas repito-o. Revela-se pelos filhos, por uma causa, pela família, por uma arte, por um trabalho, por uma casa... Tu habitas no meu pensamento, és um facilitador de todas essas formas de amor.
Falamos de tudo, ouvimo-nos, expressamos os nossos estados de alma,  partilhamos os valores que para ambos são importantes.
E, para além disso, ainda nos aconchegamos como folha que se liga amorosamente ao seu ramo.
Afinal, vou dizer-te: Amo-te, Félix.

No dia do lançamento deste meu livro,
a Ana Cardoso, minha amiga e que tão generosamente o apresentou,
disse que não concordava com o destino que dei a Félix.
Talvez por isso, nuns contos que ando a escrever,
Félix regressa. 
Oxalá a viagem seja boa!!!



 

domingo, 12 de agosto de 2018

Tanques romanos em Angeiras


Ontem, em Angeiras - Matosinhos

Comemorava-se a Festa da Nossa Senhora de Fátima. Havia feira, grupos folclóricos, barcos decorados para receber a procissão de hoje, bastantes veraneantes, música nos altifalantes, cheiro a peixe dado pelo mar...
Só é pena é haver lixo pelo chão.
Nos restaurantes, bom peixe e bom marisco. E sol nas esplanadas douradas também pela cerveja bem fresquinha.
E gente a passear com pouca pressa que as férias acabem.
Volto a dizer: Só é pena haver lixo pelas ruas.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Olhando o rio Douro, em Gondomar


Olhando a Lomba, do lado de Melres

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Refrescando a manhã


domingo, 29 de julho de 2018

Folheando A Velha Casa e Outros Dias



"Os amigos" e "Uma ambulância no verão"

Há pouco mais de um mês que estou reformada, ou melhor, "reformulada", como às vezes digo em tom de brincadeira.
Se estivesse no ativo,  nesta altura já teria trabalhos e testes para corrigir. E relatórios para redigir. E atas para elaborar. E dados estatísticos para preencher. E informações para lançar na plataforma. E talvez alguma participação disciplinar. E muito mais coisas, se calhar, necessárias, mas que tiram tempo à boa preparação das aulas e ao conhecimento de muitos problemas dos alunos.
E bastante preocupante é o facto de haver jovens que não têm amigos "reais". Conheci vários.
De facto, tem-se a ideia de que todos os jovens são folgazões, mas há muitos rapazes e raparigas profundamente solitários e com o complexo de que são feios e de que  ninguém gosta deles.
As composições ou textos livres são espaços privilegiados para os alunos se exporem um pouco mais. Lembro-me de uma menina que ia sempre triste para a escola primária porque não era bonita como as outras. Outra, demasiado magra. Outra que ficava sempre para trás, nos intervalos, para poder estar sozinha e não ser gozada.
E muito comum é a dificuldade de muitos alunos exporem trabalhos em frente à turma com medo de críticas ou de chacota.
Este fenómeno poderá ter a ver com as vivências. Os espaços que muitos alunos frequentam são bastante restritos. É a escola, a casa da família ou de algum amigo e, ao fim de semana, o Centro Comercial. Nem mesmo a cidade mais próxima é conhecida.
E o mesmo acontece com muitas crianças. São inúmeras as que, apesar de o tempo estar bom e convidativo para passeios ao ar livre, ficam pelos espaços fechados de um Centro Comercial. 
Dir-se-á que há mais segurança, que não há vento, que não há sol em demasia, que não há os perigos dos carros, das bicicletas, das trotinettes... mas são referências limitadas para seres em crescimento.
Estava eu nestas cogitações, quando vi que estava a receber um e-mail da Débora. Fiquei admirada, porque, desde que concluiu o 12º, há uns três anos, nunca mais a vi nem recebi notícias dela.
Dizia que tinha escrito  um livro sobre as memórias de uma ambulância no verão, que gostava que eu o lesse e o corrigisse antes de seguir para a editora, que pretendia o original quanto antes.
Em anexo, vinha o texto com erros intermináveis de acentuação, pontuação, repetições de palavras... Meu Deus! Era necessário reescrever quase tudo.  
Em resposta, elogiei-lhe o propósito, mas disse-lhe que os meus afazeres atuais não me permitiam fazer  uma revisão  adequada como ela e o tema mereciam. Aconselhei-a a deixar passar algum tempo, a reler o texto mais tarde e, por certo, veria facilmente aspetos que é necessário corrigir. Depois dessa releitura, eu poderia ajudá-la.
Oxalá siga as minhas instruções e a editora não lhe publique o texto assim.
No entanto, fiquei na dúvida. porque num P.S., a Débora dizia que a tia, com quem sempre viveu, andava muito excitada e já tinha comprado um vestido de cerimónia para o lançamento do livro.
Valha-me Deus! E a mim, que tenho tanto respeito pelo trabalho dos bombeiros, aparece-me este texto cheio de luzinhas vermelhas a piscar, como sinal de S.O.S.
O Ega, de Os Maias, começou a escrever Memórias de um átomo e não o concluiu. A Débora começa e acaba Memórias de uma ambulância no verão, mesmo cheias de erros.
Apetecia pedir socorro ou chamar o 112!

"La beauté du coeur"


Postal enviado pelo Clube das Histórias

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Mindelo, ontem, ao fim da tarde!

Obrigada, D.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Outra página de A Velha Casa e Outros Dias



Paixões e o jantar em Paris

Cheguei ao aeroporto de Francisco Sá Carneiro e, inesperadamente, vi  a  Vânia, pequenina, torrencial, gordinha, de cabelo claro, toda a vibrar num sorriso muito sonoro e muito aberto. Aproximou-se de mim, deu-me um abraço, disse-me que andava apaixonada por Fernando Pessoa, mas que às vezes até chorava com pena dele. Sobretudo quando ouve as leituras do  Pedro na aula, como se fosse o próprio poeta que  estivesse a escrever e a sentir.
- Fogo, setora! Viver sem paixões como o Ricardo Reis é que eu não aceito. Se ele soubesse como é bom!
E que continuava a trabalhar no café ao fim de semana. E que andava bastante cansada. E que hoje estava de folga. E que ia ter com a família que já se tinha afastado. E que vinha despedir-se do pai. E que tinha gostado muito de me ver. E que me ia mandar um texto que tinha escrito e que achava muito fixe. E adeus, professora, apareça na escola. E vou dizer à turma que a vi. E beijinhos, ...
E lá foi ela a correr, com o telemóvel na mão como se fosse a extensão de um dos braços.
Gostei de a rever e logo a situei na sala de aula, com os olhinhos a vibrar e a sorrir quando os assuntos a entusiasmavam.

À chegada a Paris, o David sorriu logo que me viu, levantando os bracinhos a pedir-me colo. Como está grande! Achei o António Pedro um pouco mais abatido, embora com o seu habitual sorriso juvenil.
Disse-me que o pior já tinha passado e que lhe falasse da viagem, da família, do que tenho escrito.
Logo depois de ter tirado da mala a polpa de dióspiro e o bolo-rei, a Jessie disse que estava na hora de começarem a preparar o jantar porque tinha convidado três colegas de trabalho, duas das quais a fazer investigação na Universidade onde Jessie trabalha.
Por isso, ao jantar e à volta da mesa, éramos nós os dois portugueses, a nossa escocesa, uma rapariga espanhola, outra italiana e outra turca.
Era, portanto, uma mesa cosmopolita. E, embora  eu reagisse com naturalidade, talvez tenha reparado mais na estudante de Istambul porque usava "hijab". Ela trouxe  uns docinhos maravilhosos para a sobremesa e café turco para acompanhar, que ela própria confecionou num tachinho, à falta do recipiente próprio.
À refeição, comemos salmão com vegetais e tudo estava delicioso.
O David já dormia enquanto jantávamos.
Eu acho que falei pouco porque ia pensando como eles, incluindo as raparigas que tinham pouco mais de vinte anos, sabiam tantas coisas e tinham tantas competências para interagir em contextos tão diferentes.
Realmente, só com a riqueza da diversidade, o mundo poderá evoluir mais.